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TÓPICO:

Nutrição cerebral - carne e evolução do homem 17 anos 3 meses atrás #818

Segundo a própria ciência "evolutiva" e "biológica", nós seres humanos, adquirimos de nossa própria espécie a capacidade de ampliar o nosso sistema cerebral em função do consumo da carne. Isto, conforme vários estudos apontam: www.cerebromente.org.br/n12/mente/evolution/evolution.htm. É válido justificarmos esta questão pelo fato de q existem muitos animais carnívoros q não conseguiram atingir o tamanho e a capacidade de raciocínio da espécie humana. No entanto, o questionamento acusado está na possibilidade de, caso nos abstermos totalmente do consumo da carne, nós nos tornarmos seres involutivos, ou seja, regredir o nosso sistema cerebral e/ou permitir um processo gradativo de atrofia do órgão. Assim sendo, qual argumentação pode ser apresentada pel@s vegan@s?


De forma alguma deixar de consumir carne representaria uma atrofia cerebral. O fato de em determinado período de nossa evolução termos passado a consumir carne simplesmente contribuiu para que tivéssemos a necessidade de nos organizar para caçadas (o que criou a necessidade de comunicação entre os indivíduos), fabricar ferramentas (para compensar nossa desvantagem física) e dominar o fogo (para conseguir ingerir a carne). Nem o alimento carne, nem nenhum de seus nutrientes, em si, contribuíram para este aumento cerebral, mas sim as dificuldades que o homem teve de superar para conseguir obtê-la.

Atualmente, a forma como obtemos carne, indo ao açougue e comprando, não requer nenhuma habilidade além da que necessitamos despender para comprar legumes ou frutas. Por outro lado desenvolvemos outras atividades que permitem que o cérebro se desenvolva. Por exemplo, quando jogamos futebol precisamos ter uma tática de cooperação dentro do time. Outros jogos de competição e estratégia, a leitura e a conversa (seja lá qual seja o assunto) cuidaram de substituir a cooperação que desenvolvemos durante as caçadas na pré-história. Quando manipulamos ferramentas, como o computador doméstico por exemplo, ou desenvolvemos alguma habilidade artística, isto substitui o papel que o fabrico de ferramentas cumpria em nosso cérebro. A necessidade que o homem das cavernas tinha de consumir carne desencadeou este processo naquele determinado período, mas não mais é necessário uma vez que estes mecanismos foram criados e já substituídos. O consumo de carne hoje é irrelevante para a manutenção de nossos cérebros.
abraços

Sérgio

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Re: Nutrição cerebral - carne e evolução do homem 17 anos 3 meses atrás #822

Legal Sérgio,

Porém ficou uma dúvida, apesar das explicações....

Fica aquela sensação de que animais que caçam tem tendencia a serem mais "espertos", isto procede?

São os herbivoros, dibamos assim, mais bobinhos?

Por outro lado eles tem que aprender a se esconder e fugir... mas...

Gostaria de sua opinião.

[]s
Alex


Oi Alex:

Você falou e disse, os herbívoros tem que estar sempre alertas e criar estratégias para escapar da predação, mas não desenvolvem mecanismos de cooperação tão efetivos quanto os animais que caçam em grupo. Não é questão de serem "mais bobinhos", mas sim de não terem a necessidade biológica de desenvolver sistemas complexos de comunicação.

Como escreveu um zoólogo: "Os herbivoros não tem necessidade de cooperar. Não são forçados a cercar uma ameixa ou derrotar uma framboeza para comê-las. Eles não precisam discutir sobre a tática necessária para mover-se furtivamente para colher uma maçã ou capturar em armadilha uma noz. Não há necessidade premente de cooperação ou comunicação. Para o carnívoro o desenvolvimento dessas habilidades é vital".

Mas é claro que isto é uma generalização. Alguns herbívoros, como os elefantes, gorilas e chimpanzés, por exemplo, formam grupos bem estratificados, com nível de hierarquia mais complexo e isto significa que a comunicação é mais complexa também. Mas o tipo de cooperação que ocorre é bem diferente do que ocorre, por exemplo, em um grupo de leões.

abraços

Sérgio

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Re: Nutrição cerebral - carne e evolução do homem 17 anos 3 meses atrás #825

--- Em Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo., "Guia Vegano" <guiavegano>
escreveu
>
> Chipanzés sao considerados herbivoros?
>
> Já ouvi historias que eles caçam as vezes...
>
> []s
> Alex

>
Oi Alex:

Aí que está. Herbivoria não é uma classificação biológica fixa,
taxonômica, como "carnívoros". Ela expressa o hábito alimentar do
animal. Chimpanzés são na maior parte do tempo comedores de
vegetais, mas eventualmente comem cupim, ovos, macacos cebos ou
filhotes de animais terrestres.

Acontece que mesmo herbívoros de carteirinha podem eventualmente
comer carne. Já foi mostrado que algumas vezes elefantes caçavam
antilopes e ungulados e comiam. Hipopótamos as vezes comem carne,
inclusive de outros hipopótamos e eu já vi vacas comendo a carne de
um coelho que morreu prensado no feno.

Não sabemos se estes são eventos que só começaram a acontecer agora
ou se estes animais sempre fizeram isto e nós não tinhamos percebido.

De qualquer forma, ainda que comendo carne eventualmente, o que quis
dizer é que estes são animais que não caçam, e por isso não criam
tais estratégias.

abraços

Sérgio

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Re: Nutrição cerebral - carne e evolução do homem 17 anos 3 meses atrás #826

Fiz uma busca no Google sobre este assunto e encontrei esta referência, mas na hora que tentei abrir a página estava fora. Talvez mais tarde...

ksw3.search.mud.yahoo.com/question/index?qid=1006041314135

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Re: Nutrição cerebral - carne e evolução do homem 17 anos 2 meses atrás #894

Sergio - vc ainda está aí? Vc tem algo escrito sobre a questão de a proteína ter desempenhado papel fundamental no desenvolvimento do cérebro - aquele papo? Veja o trecho de uma matéria;

Mesmo depois de todas as tristes lições do século 20, as pessoas continuam julgando as outras pelo aspecto. Quem não é magro e bronzeado se sente culpado; e quem se mantém magro e bronzeado também não está feliz, justamente porque confunde essa condição com a felicidade. Ninguém pára e pensa na insanidade que é a busca do corpo perfeito, à custa de horas e horas de exercícios e cirurgias. Atletas, afinal, têm pele feia e nem costumam viver muito, ao contrário de músicos e físicos... E não é preciso abrir mão de vida cultural e social e do prazer alimentar. Não consigo me imaginar sem café e vinho, que em doses moderadas só fazem bem. E sem a proteína da carne o homem nem teria conseguido dar o salto evolutivo da inteligência.

--
Marly Winckler
Filie-se à SVB:
www.vegetarianismo.com.br <http>
www.svb.org.br <http>
www.ivu.org <http>



Querido Sergio,

Também espero que 2007 lhe traga muitas alegrias e inspirações. Bem, certamente temos uma boa resposta p essa questão. Pedi p nosso coordenador de meio ambiente - o Sergio Greif - p responder esta, uma vez que ele - biólogo que é - tem o assunto bem estudado, tendo apresentado em um de nossos encontros, um comentário a um documentário se não me engano da BBC - que vem com esse papo mal fundamentado. Adiantando um pouco, na verdade o que teria desenvolvido o cérebro huamno não seria a proteína da carne, mas as estratagemas que os homens começaram a inventar p conseguir mais alimentos - a carne inclusive.

Temos uma seção no site da SVB "Resposta da SVB a artigos veiculados na mídia" - em www.svb.org.br/home/posicionamento.htm

e, talvez seja o caso - se vc concordar, de colocarmos ali a resposta q o Sergio dará à afirmação do Daniel.

Abração,

Marly


Prezada Marly:

Sim, ainda estou por aqui. Minha viagem é só amanhã. Estou correndo com os preparativos finais.

O importante na discussão que vocês trazem é distinguir bem entre duas situações completamente opostas. A primeira é dizer que o cérebro humano precisa de carne e outros ingredientes de origem animal, o que não faz sentido no contexto atual. Pesquisas antigas e recentes demonstram até mesmo que crianças vegetarianas se desenvolvem melhor do que crianças não vegetarianas. Portanto está vencido o argumento de que nosso cérebro precisa de proteínas ou seja lá o que for da carne.

Na segunda situação, alega-se que em determinado estágio de nosso processo evolutivo o fato de que passamos a consumir a carne auxiliou o desenvolvimento de nosso cérebro. Isto é verdade, mas não porque a carne fosse mais protéica nem nada disto, mas sim porque o proto-homem necessitou criar mecanismos que possibilitassem a captura de animais suprindo sua deficiência corpórea e falta de habilidade física para caça.

Para entendermos isto temos de entender o contexto em que se vivia. Os caçadores-coletores humanos modernos que vivem em ambientes semi-áridos nos dão uma pequena idéia do que nossos antepassados tinham de passar. A subsistência dos hominídeos que viviam na África entre 5 e 2 milhões de anos atrás dependia do constante deslocamento, por mais de 10 km por dia em busca de alimentos vegetais cada vez mais escassos. Portanto, era natural que eles dessem preferência por obter alimentos mais densos e com nutrientes mais concentrados - carnes e ovos, por exemplo. Ainda que o esforço para obtê-los fosse maior, os benefícios (o retorno) era muito maior.

Para obter a carne eles precisariam correr mais do que a caça ou desenvolver dentes e garras poderosos como as dos leões, o que levaria milhões de anos. O que ocorreu é que o homem optou por um caminho evolutivo diferente, compensando a ausência de determinadas estruturas corpóreas por ferramentas que faziam estas vezes. A falta de velocidade de corrida foi substituída pelo trabalho em grupo, pela técnica de emboscada, etc. Isto exigiu o desenvolvimento de um padrão de linguagem que possibilitasse a comunicação. Uma vez abatida a caça, o homem precisava tornar aquele animal um alimento. Precisava criar ferramentas para separar o couro, destrinchar a carne e quebrar os ossos para obter tutano. Precisava dominar o fogo para tornar a carne palatável.

Tudo isto (o fábrico de ferramentas, o domínio do fogo e o desenvolvimento da linguagem) levaram ao crescimento cerebral. Este crescimento provavelmente não teria acontecido se o homem tivesse continuado a consumir vegetais, porque os vegetais podiam ser consumidos crus, não era necessário desenvolver um sistema de comunicação complexo para coletar vegetais e nem era necessário fabricar ferramentas para obtê-los.

O cérebro humano cresceu às custas de energia. Esta energia precisou ser deslocada de outros órgãos do corpo. O órgão que continha mais energia acumulada e que não fazia uso de toda ela eram os intestinos. Entre o intestino delgado e o grosso havia uma estrutura chamada ceco, que ainda existe nos herbívoros não ruminantes (nos seres humanos ainda se encontra vestígio do ceco, que é o apêndice vermiforme). Esta câmara de fermentação permitia que nossos antepassados consumissem matéria grosseira e obtivessem daí sua energia. Como os hábitos alimentares estavam mudando (o homem estava consumindo cada vez mais alimentos hipercalóricos) e o cérebro demandava agora uma maior quantidade de energia, tivemos gradativamente uma atrofia do ceco e um aumento cerebral.

Isto não quer dizer que as proteínas da carne nos tornaram mais inteligentes, mas que o fato de que em determinado momento buscamos pelas proteínas da carne, desenvolvemos habilidades que resultaram em nossa inteligência. E o fato de que a carne era um alimento mais calórico possibilitou sustentar os requerimentos energéticos de nosso cérebro (lembremos que obter alimentos de origem vegetal, então, dependia de longas caminhadas).

Com o advento da agricultura, que trouxe consigo a segurança alimentar (a garantia de que ele conseguirá comer todos os dias) o homem continuou expandindo seu cérebro, desta vez para entender o ciclo das estações, para selecionar as espécies vegetais mais atraentes para cultivo, para fabricar ferramentas agrícolas e criar religiões que forneciam explicações sobre porque morremos, para onde vamos e porque que as vezes acontecem catástrofes. A religião deu origem às artes. Os agricultores eram praticamente vegetarianos e não por isso menos inteligentes do que os caçadores coletores, tudo era uma questão de obter calorias suficientes para sustentar aquele cérebro sedento de energia.

beijos.

Sérgio.

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