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Comportamento

chinesa com coelho

Depoimento de um médico vegetariano

Dr. Eduardo Lima é médico (clínico geral), formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora há 32 anos. Escreveu esse contundente depoimento pessoal quando parou de comer carne, em julho de 2007. Quando solicitado a dar uma entrevista sobre o vegetarianismo e sobre como se tornou um vegetariano, fez questão de que constasse esse “documento” já elaborado. Desde então, mantém-se firme como vegetariano.

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Estou com 55 anos. Tenho artrite, pressão alta, cansaço, dor muscular e articular, gota, má digestão, dor de cabeça e irritabilidade. Não bastasse ser médico e conviver com dezenas destas queixas, me vi também envolvido por elas. É a idade, penso eu. Passou dos cinqüenta, ninguém agüenta! E assim, como todo cidadão que vai para o trabalho, tomava o ônibus bairro-centro e voltava centro-bairro. Sabem onde moro? No centro. São dois pontos e pronto, cheguei! Mas cadê a coragem, perna, fôlego, disposição para andar oito quadras (mais ou menos 1 Km)?

Mas 55 anos, 1,85 m, 97 kg e dor pra todo lado, vamos de ônibus mesmo. E aos meus clientes recomendando não comer açúcar, carne vermelha apenas nos churrascos, peixe e frango à vontade, evitar o que dá debaixo da terra, cuidado com massas, façam exercício, etc. Como? Se eu, nunca, em dia algum de minha existência, deixei de comer carne. E aí, entenda-se, hambúrguer, salsicha, bacon, lingüiça, caldos concentrados (galinha, bacon, carne, camarão), agora o bacalhau, que recentemente descobri, filés, picanhas, chouriço argentino, rabada, buchada, chouriço da roça (cheio de redanha), torresmos, figuinho, simbiquira, língua, peixes diversos, einsbein (prato que me especializei), miolo (que aprendi a limpar e preparar congelado), assim como a traíra sem espinho.

Médico, cozinheiro e glutão! Sem nenhuma restrição, almoçava no restaurante vegetariano e comia em seguida três espetinhos (vaca, porco e coração), além de pedir um misto pra mim.

55 anos, com uma mãe que cozinhava maravilhosamente e com um pai que chegou aos 120 quilos. Ele apreciava do bom e do melhor no seu prato cheio. Fui criado “saudável” e feliz, com mesa farta. Sustentar a família, para eles, era comer, comer, comer! Carnes, carnes, carnes!

Algumas vezes, sendo médico e com reputação a defender, quando me aproximava dos perigosos 100 quilos, entrava no regime. Qual? Dieta revolucionária do Dr. Atkins, à base de carne, queijo e ovos. É gordura queimando gordura. Perdia 10 quilos em trinta dias e ganhava 4 em sete dias. Mas podia comer o que mais gostava, ou seja, carne, queijo, ovos, bacon, torresmos, lingüiças, chouriço…

De repente, após receitar os mais modernos fármacos para reduzir colesterol, triglicérides, ácido úrico, proteger o fígado da esteatose (degeneração gordurosa), que custam até dez reais ao dia e depois de tentar me livrar do vício do fumo (com o qual luto desde o primeiro maço de cigarros, aos 19 anos), parei de fumar e fiz jejum. Jejum?! Só água no primeiro dia, no outro dia só fruta, no outro, água, fruta, verdura; no quarto dia… tchan, tchan, tchan! Eu era outro homem.

Sem dor nos pés, alegre, feliz, esperançoso. 55 anos, estou na metade de minha existência! Tudo o que fiz, vou fazer melhor, pois já aprendi o caminho das pedras. Eureca! O que aconteceu comigo? Mudou minha cabeça? Parar de fumar (a centésima vez) me ajudou, ou não comer carne os primeiros quatro dias de minha vida me fizeram este bem?

Foi em 18 de julho e jamais me esquecerei. Tudo o que aprendi como médico e carnívoro ruíram nestes quatro dias. Mente sã, corpo são! Pude compreender que não comer carne faz bem e hoje, quase quatro meses depois, posso afirmar o bem que me fez não comer mais carne. Esta é a melhor receita que posso passar a todos os meus pacientes. Romper uma cultura, 10 quilos mais magro, mais ativo, mais saudável, mais alegre e absolutamente sem nenhuma dor, enfrento, em 100% das pessoas para as quais digo que parei de comer carne, o estigma do nem frango, nem peixe? Por que?

Se eu, 55 anos, médico, jamais pensei em ficar um dia sequer sem comer boi ou vaca, porco, javali, frango, galinha, capivara, rã, coelho, paca, tatu, cotia, tartaruga, peixes, crustáceos (camarão, lula, polvo, sururu, lagostas) e enganado, cães, cavalos, jegues, gatos, e tudo o mais que a cultura humana o permitia. E que prazer! Que sabor! Sal, alho, cebola, pimenta, louro, canela, cominho, açafrão, salsa, cravo, alecrim…

Cachaça, Saquê, conhaque! Todos os temperos para dar gosto às “maravilhosas” carnes. Fruto colhido da morte, de um cessar de vida, qualquer vida que um cutelo, um tiro, uma faca, um porrete, um chucho ou um anzol e uma rede, seguidos da asfixia, nos permitiram descamar, despelar ou descourar e com o nosso poder sobre o fogo, transformar em “iguarias fantásticas”, com gosto de sal, alho, cebola, pimenta, louro, canela, cominho, açafrão, salsa, cravo, alecrim, cachaça, saquê, conhaque, vinho, vinagre. Por que?

Se eu, aos 55 anos tive a oportunidade de reconhecer que, em todos estes anos, não me alimentei e sim, me intoxiquei, sou obrigado, pelas oportunidades a mim permitidas e por ser um médico, de recomendar a todos os meus pacientes que deixem de comer carne. Todo o prazer e benefícios da alimentação saudável podem ocorrer com qualquer alimento coletado da natureza, temperados com sal, alho, cebola, pimenta e etc. Os sabores se multiplicam, os prazeres só aumentam, a culpa desaparece, a saúde é que agradece.

Mas como médico que sou,
após este aprendizado
procurarei ,por todos os meios,
lhes deixar o legado.
Como um náufrago na ilha
em uma garrafa,
uma mensagem enviaria
para alguém, que a recolheria.

  

Sois o que vós comeis!
Se da natureza, colhes os frutos,
felizes e alegres sereis.
Se da morte se alimentares,
orte igual então tereis

 

Um médico de 55 anos, 31 de profissão, que teve como experiência tornar-se outro homem, ao parar de comer carne, inclusive frango e peixe.
Eduardo Lima em 29/10/2007

Para firmar a veracidade deste depoiemento, pesquise pelo CRM 9310 no site do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais www.crmmg.org.br

Fonte: www.vista-se.com.br

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O jornalismo mal-orientado e seus riscos de propagar desinformação

(Resposta à reportagem “A moda (sic) do vegetarianismo - e seus riscos (sic) ”, de 28/11/2008, )

 

chilepeppers-group.jpgMesmo num momento em que tanto se precisa de apoio, corroboração e reforço profissional, o vegetarianismo (junto com o veganismo) recebe ataques de gente que, carregando-se de preconceito e desinformação e esbanjando um jornalismo malfeito e parcial, o calunia como um hábito alimentar perigoso e não recomendável. Parte da mídia ainda se recusa a conceber a aceitabilidade crescente – incluindo todo o respaldo médico-nutricional – do vegetarianismo e, em jogadas irresponsáveis e cheias de tendenciosidade, insiste em mitos já derrubados em prol do consumo de alimentos originados da exploração animal.

 

Que o diga a revista Época. Na reportagem “A moda (sic) do vegetarianismo - e seus riscos (sic)”, datada do fim de novembro último, ataques camuflados ou sutilmente explícitos a essa alimentação não faltam. Uma análise crítica da nota, com conhecimento de causa, percebe muitas falhas grotescas que comprometem sua seriedade como artigo jornalístico.

 

Percebemos que:

- É descrito que Paul McCartney teria despertado furor quando defendeu o vegetarianismo contra o aquecimento global. Convém perguntar: furor de quem? Dos pecuaristas? Dos donos de churrascarias? Dos fãs incondicionais de fast-food? Dos açougueiros? Que razão levaria uma pessoa comum a sentir raiva do eterno Beatle só por ele ter dito que a pecuária onera o planeta e faz mal para os animais?

- O vegetarianismo é reduzido à não-carne, uma idéia cada vez mais considerada como obsoleta em tempos de reprovação crescente também da dieta centrada em ovos e laticínios;

- Numa reportagem que se supõe a falar de alimentação vegetariana, apenas a carne vermelha é enfatizada como produto a ser evitado – ou nem mesmo isso: é sugerida apenas a diminuição de seu consumo;

- Fala-se de dieta “parcialmente vegetariana”. Isso não existe. Vegetarianismo é, para dizer a concepção mínima, ausência de carne. Se há carne, nem que seja uma vez por mês, não há vegetarianismo. Não existe meia ausência ou ausência parcial;

- O veganismo, que seria mais adequado considerar um hábito de consumo ou em última análise um modo de vida, é descrito pejorativamente como uma “filosofia” que dita deliberadamente normas de proibição para “seguidores”, não contando que o vegano segue sua própria consciência de respeito aos animais em evitar viver sustentado na exploração destes. Na lógica do autor, defender o fim da escravidão humana também poderia ser reduzido ao atributo de mera corrente filosófica sem medo de estar incidindo em distorção;

- O colesterol é erroneamente ligado às proteínas animais – o jornalista atira no pé ao falar mal dos próprios nutrientes defendidos visceralmente em sua reportagem – em vez de às gorduras da mesma fonte;

- Insiste-se muito em mitos nutricionais já surrados pelos especialistas em alimentação vegetariana: a) a alimentação livre de produtos de origem animal é tratada como perigosa; b) a carne é sacralizada e sua ausência tratada como uma ameaça à saúde; c) a soja é brevemente descrita como nutricionalmente inferior; d) as proteínas animais são postas no pedestal do indispensável, sem nenhuma consideração à capacidade do organismo  humano de sintetizar certas proteínas a partir dos aminoácidos ingeridos, os quais possuem todos alternativas vegetais; e) o vegetarianismo completo é taxado de radical, arriscado e contra-indicado para crianças e adolescentes;

- Outros vegetais que são importantes provedores de proteínas, como leguminosas, são totalmente desprezados;

- A opção de injeções semestrais de vitamina B12 sintética, uma opção muito conveniente numa época em que vacinas injetáveis periódicas são rotina indispensável para muitos, é igualmente ignorada. Convém dizer que tal aplicação é uma necessidade também para idosos, mesmo os mais churrasqueiros, que passam a absorver com menos eficiência a vitamina ao passo em que envelhecem;

- Ninguém do lado atacado foi ouvido para defender por que o vegetarianismo é organicamente aceitável. Já o onivorismo foi defendido abertamente pelo endocrinologista João César Castro Soares, que inclusive condenou a alimentação livre de crueldade para menores de idade, com justificativas bastante questionáveis;

- Além disso, a recomendação de se procurar uma segunda opinião médica ou fonte especializada, mais indispensável ainda quando se trata de um assunto da esfera medicinal ou qualquer outro que requeira pesquisa científica competente, foi irresponsavelmente esquecida. Toda a reportagem gira em torno da opinião altamente questionável e refutável de um único profissional, o qual já sabemos que é alguém nem um pouco recomendável a ser consultado por um vegetariano que quer saber como balancear bem sua alimentação;

- Uma reportagem que denunciasse os riscos de uma dieta vegetariana mal orientada deveria no mínimo dar uma sugestão de como montar uma base nutritiva eficiente, nem que fosse citar por cima “folhas verdes-escuras”, “legumes”, “cereais”, por exemplo. Seria uma aceitável crítica construtiva que alertaria os adeptos ou interessados no vegetarianismo para não se descuidarem no balanceamento da elaboração de seu prato. Isso também foi completamente desconsiderado no caso abordado, estando reduzido a sugestões muito vagas como “é preciso procurar conselho médico”;

- Ficou subentendido que apenas vegetarianos devem procurar assistência nutricional, enquanto onívoros e ovolactistas supostamente podem dispensá-la. O que é uma orientação bastante incorreta e até irresponsável, se considerarmos o crescimento das doenças e distúrbios orgânicos ligados a dietas onívoras mal-estruturadas.

 

Fica a sugestão ao senhor José Antonio Lima, autor de tal reportagem, de que, se não quiser mais pôr em risco sua reputação de jornalista e enfrentar a indignação de pessoas que, na busca de apoio, esclarecimento e aceitação, encontram sim muita desinformação e reacionarismo falacioso e irracional, relembre-se daqueles princípios que foram aprendidos na faculdade mas embaçados na sua memória com o passar do tempo. Imparcialidade, pesquisa competente e segunda opinião médica ainda são muito valorizadas por quem promove um jornalismo responsável e não quer correr o risco de estar propagando idéias falseadas. Ainda mais quando se trata de algo que, além de ser uma questão de saúde que deve ser levada muito a sério, propõe, entre outras providências, poupar a vida de tantos animais que tanto sofrem em confinamentos pecuários miseráveis.

 

Convido também todos a lerem a resposta do doutor George Guimarães.



Robson Fernando
Estudante e articulista amador, é dono do blog Consciência Efervescente ( http://conscienciaefervescente.blogspot.com ). Entre em
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