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Entrevista: Fernanda Tavares

 A nova mamãe, Fernanda Tavares revela em entrevista para o site ARCA BRASIL que é tempo de pensar nas futuras gerações
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Eu fui, aos poucos, me ligando que aquela pele era um coelhinho ou uma raposa, e fui ficando muito mal. Falei com minha mãe sobre parar de tirar fotos com peles. Ela me apoiou, mas fiquei com medo de não conseguir mais trabalhos. No começo perdi sim alguns desfiles, mas depois valeu a pena. 
  Fonte: Arca Brasil
Modelo há 14 anos, Fernanda Tavares já foi capa de "Marie Claire", "ELLE", "Vogue", "Cosmopolitan", "Allure" e "Sports Illustrated- Swimsuit Issue", credencial de peso mesmo no feérico mundo da moda.  Os italianos elegeram a morena potiguar como a mais bela mulher do planeta. E isso porque eles só levaram em conta apenas o quesito beleza física. Quem conversa com Fernanda descobre que ela é mais do que bonita, pois reúne estilo, caráter e atitude.

Entre os compromissos da profissão, o casamento com o ator Murilo Rosa e os cuidados com seu primeiro filho, Lucas, de apenas seis meses, ela ainda encontra tempo para apoiar causas nobres, pois essa é uma das prioridades de sua vida. A bela, que desde 2005 acompanha os trabalhos da ARCA Brasil em defesa dos animais, aceitou de imediato o convite para nossa entrevista especial do mês das Mães. “Acredito na causa e quero muito participar”, conta.

Conheça um pouco mais do carinho que uma das mais famosas modelos do mundo nutre pela vida e pelo planeta.

Notícias da ARCA - Com a maternidade, o que mudou na sua percepção do papel do ser humano no planeta?
Fernanda Tavares - O Lucas veio em um momento muito especial, quando eu estava no auge da minha carreira. Meu sonho sempre foi ser mãe desde quando eu brincava de boneca.  Algumas mulheres deixam a profissão vir na frente da maternidade, mas eu não quis isso. Ter um filho é uma sensação maravilhosa. Foi uma gravidez bem pensada, planejada, com o pai ideal e não tive nenhum problema no parto ou na amamentação. Agora com o Lucas, tenho alguém com quem me preocupar. Tudo o que faço é pensando no futuro dele, no planeta que vou deixar para ele e para meus netos. Eu falo para as pessoas que elas precisam pensar que daqui a 50 anos vai faltar água e elas falam que como não estarão mais aqui não precisam se preocupar. E eu pergunto: “E seus filhos e netos? O que vai ser deles?” Eu vou ao supermercado e, se compro pouca coisa, coloco na bolsa, não pego sacolas plásticas desnecessariamente. Agora com um filho, é nele que eu penso ao agir. Não jogar papel de bala na rua, reciclar, evitar usar muito plástico... São pequenas atitudes do dia-a-dia que fazem a diferença.

NA - E no caso dos animais, você acha que também é essencial protegê-los?
FT -
Com certeza. A questão do tráfico, por exemplo. No Brasil, alguns bichos, como o tucano, são trazidos aos grandes centros para serem vendidos. Só porque é lindo? Já tive um papagaio quando era criança, mas hoje eu não faria isso. Quando você é criança é difícil entender essas coisas e os pais também podem não saber as conseqüências. Eu duvido que hoje meu pai compre um papagaio para levar para casa e minha irmã também não deixaria porque com apenas oito anos já defende que todos os bichos têm que ser livres. Acho ótimo vê-la preocupada desde cedo com o meio ambiente porque as crianças são o futuro. É lindo o tucano, não é? Então deixa ele viver no seu habitat! Certa vez, na Espanha, eu vi um pássaro lindo em uma gaiola minúscula. Fiquei com tanta pena que, quando percebi que ninguém olhava, eu o soltei. Me senti muito aliviada, mas depois fiquei com medo dele não conseguir sobreviver ou até mesmo voar. O homem é muito egoísta, quer tudo para ele. Mas os bichos não nasceram para viverem presos.  As pessoas precisam se conscientizar disso.

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Fernanda tavares: "Não quero vender para as pessoas a
idéia que um casaco de pele feito de forma cruel é lindo"

NA- E como você gostaria que o Lucas se relacionasse com os animais?
FT -
Primeiro vamos ensinar valores bons pra ele, mostrar desde cedo o que é certo e o que não é. Agora que ele vai freqüentar uma escolinha aqui no Brasil, que eu vou viajar menos, acho que seria legal ter um cachorrinho. Ele será uma criança bem agitada, o que é normal quando se é criança, mas vou colocar alguns limites. Eu e o Murilo [Rosa] daremos uma boa educação a ele e passaremos os valores que acreditamos serem ideais. Com certeza ele será uma criança boa.

NA - Como é a sua história com a causa de proteção animal? Algum episódio específico fez você se envolver?
FT -
Sempre fui muito apaixonada por bicho, me lembro de quando era pequena e vi na TV uma cena que me chocou. Era um bebê foca sendo assassinado. Eles só mostraram o início, mas aquilo me abalou muito. Quando comecei a modelar, fazia campanhas publicitárias com pele também, mas com o tempo fui me sensibilizando com a história por trás daqueles casacos. Quando você está desfilando acaba se enfeitiçando e não pára para pensar como aquilo é feito.  Eu fui, aos poucos, me ligando que aquela pele era um coelhinho ou uma raposa, e fui ficando muito mal. Falei com minha mãe sobre parar de tirar fotos com peles. Ela me apoiou, mas fiquei com medo de não conseguir mais trabalhos. No começo perdi sim alguns desfiles, mas depois valeu a pena.  Como eu, que sempre gostei de animais não ia me sensibilizar com animais naquela situação. Não quero vender para as pessoas a idéia que um casaco de pele feito de forma cruel é lindo.

NA - Então já faz tempo que não desfila com peles?
FT - Sim, no momento que tomei minha decisão algumas ONGs me procuraram para mostrar a realidade brasileira dos CCZ [Centro de Controle de Zoonoses] e do contrabando. Em 2002, quando eu estava saindo de um desfile em Nova York, o PETA [People for the Ethical Treatment of Animals, ONG norte-americana de proteção animal] estava do lado de fora protestando e eu dei meu apoio, já que há dois anos me recusava a desfilar com peles. Eles me chamaram para fazer uma campanha anti-pele para eles e eu aceitei no ato. Não quis nem pensar se ela ia me prejudicar. Não me prejudicou e foi muito legal. 

NA – Suas opções despertaram alguma reação nos seus admiradores?
Alguns perguntaram por que ainda participo de desfiles que tenham modelos com pele. É porque quero mostrar que posso ficar linda sem usá-las. Também querem saber por que eu não tenho bichos. Amo cachorro, mas como viajo muito, acho uma judiação levá-lo pra lá e pra cá ou deixá-lo muito tempo sozinho. Também moro em apartamento e acredito que cachorro precisa de quintal. Se eu tivesse um bicho, eu estaria pensando só em mim, estaria sendo egoísta.

NA - Agora com o Lucas você pretende continuar essa participação na causa de proteção animal?
FT – Com certeza.  Não tem por que eu parar. E vai ser até mais fácil porque estarei mais tempo no Brasil, já que o Lucas vai estudar aqui. Sempre acho que posso fazer mais, agora vou conseguir me dedicar às coisas nas quais eu acredito.

NA - Qual sua mensagem para as pessoas em geral, em especial àquelas que ainda não dão importância à proteção da fauna e da flora ou ao desenvolvimento sustentável do planeta?
FT -  Essas pessoas que acham que tudo isso é bobagem estão sendo extremamente egoístas. Não estão pensando no nosso futuro, no dos nossos filhos e netos. Temos um planeta tão perfeito e temos que cuidar dele, deixá-lo melhor do que o que recebemos. Cada um tem que fazer sua parte e não pensar só em si, mas na família. Nossos filhos são o futuro, temos que fazer para eles, pensar neles.


Crédito da foto: Arquivo ARCA
Fonte: Arca Brasil

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