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Nutrição

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Prisão de ventre

Obstipação intestinal, ou prisão de ventre, é uma alteração do trânsito intestinal que resulta na diminuição do número de evacuações e alteração na sua consistência (ressecamento).

Autor: Dr Eric Slywitch

Conhecendo o trânsito intestinal

Ao colocarmos um alimento na boca, começa o processo digestivo. Esse material, em processo de digestão, percorrerá todo o tubo digestivo, onde haverá o término da sua digestão e a absorção dos nutrientes e compostos presentes nele, até atingir o intestino grosso, onde será formado o bolo fecal para ser eliminado.

Esse trajeto é bastante longo. Da boca ao ânus são cerca de 9 metros, sendo 25 cm de esôfago, 25 cm de estômago, 7 metros de intestino delgado (ponto importantíssimo para a absorção dos nutrientes) e 1,5 metros de intestino grosso.


Quanto tempo demora para o alimento ingerido chegar no intestino grosso?

Isso pode variar conforme o tipo de alimento ingerido e a sua preparação.

O alimento costuma permanecer no estômago de 1 a 5 horas, dependendo da sua composição. Quando ingerimos alimentos liquidificados, o esvaziamento do estômago começa após 5 minutos. Quando o alimento é sólido, esse esvaziamento tem início após 20 a 25 minutos.

A passagem pelo intestino delgado costuma ocorrer em 90 minutos (o seu conteúdo caminha numa velocidade de 10 centímetros por minuto). Nesse trajeto a digestão se completa e a absorção dos nutrientes é bastante intensificada.

Assim, para o conteúdo chegar ao intestino grosso, pode ser necessário 1,5 a 6,5 horas.

O intestino grosso.

É aqui que as fezes serão formadas.

O intestino grosso tem uma forte atuação na retirada de água do material que está dentro dele.

Para que você tenha uma idéia, diariamente chega ao intestino grosso cerca de 1500 ml de conteúdo digestivo (que chamamos de quimo), mas apenas 100 ml saem pelas fezes.

O intestino grosso tem a capacidade de absorver 5 a 7 litros de água por dia.

Quanto mais tempo a pessoa fica sem evacuar, mais água é retirada das fezes. Com isso o conteúdo fecal fica ressecado e endurecido. Assim, as fezes diminuem de volume, o esforço para defecar é maior e pode haver dor.

Por que ao evacuarmos diariamente a quantidade de fezes é maior do que quando evacuamos menos?

Há uma tendência a pensarmos que, se ficarmos alguns dias sem evacuar, acumularemos mais fezes e o volume será maior ao evacuar. No entanto, como as fezes vão sendo desidratadas (lembre-se de que o intestino grosso vai retirando a água delas) o seu volume fica menor.

O que causa a prisão de ventre?

As causas mais comuns são os hábitos inadequados. No entanto, é importante lembrar que existem doenças que podem levar à obstipação intestinal (ou intensificá-la) como em alguns diabéticos (neuropatia diabética), alguns tumores de intestino, hemorróidas, hipotireoidismo...

Muitas medicações também podem causar prisão de ventre.


Como fazer para ajustar o funcionamento intestinal?

Movimente-se!

Atividade física é bastante importante para fortalecer a musculatura abdominal e ativar o peristaltismo (movimento dos intestinos).

Se você tem contato com idosos que permanecem acamados, poderá verificar que eles tendem a ser obstipados. A falta de evacuação pode levar a um endurecimento tão importante das fezes que elas quase se transformam numa pedra. Chamamos isso de fecaloma. Muitos idosos são levados ao pronto-socorro para que esse fecaloma seja removido, e esse processo pode ser feito manualmente, o que é bastante desagradável e dolorido.

Para quem pratica Yoga, existe uma técnica chamada Nauli, que trabalha intensamente a musculatura abdominal, massageando os órgãos internos do abdômen. É um excelente exercício para quem precisa ativar o funcionamento intestinal.


Se deu vontade de evacuar, vá em frente!

Nunca segure as fezes, pois elas ficarão cada vez mais ressecadas.
Muitas pessoas, pela vida corrida, pela falta de hábito de ter um horário para evacuar, ou por estarem fora de casa, não permitem a si mesmos sentarem no vaso sanitário o número de vezes suficiente por dia para estimular a evacuação, ou para evacuar cada vez que tem vontade. Procure modificar isso.

Por que temos mais vontade de evacuar pela manhã?

Toda vez que ingerimos um alimento, ao chegar no estômago, ele dá um sinal para o intestino grosso funcionar. Esse aviso vai do estômago (gastro) para o intestino grosso (cólon). Chamamos esse estímulo de reflexo gastro-cólico. Esse estímulo ocorre em todas as refeições, mas costuma ser mais intenso pela manhã. Assim, muitas pessoas têm o hábito de evacuar pela manhã.
É comum a preocupação de alguns vegetarianos, questionando se é saudável evacuar várias vezes por dia. Sim, é saudável, desde que as fezes estejam com uma consistência adequada.

E se a vontade de evacuar não aparece?

Algumas pessoas não sentem a vontade de evacuar, ou não percebem quando ela aparece. É necessário, muitas vezes, criar um hábito para quem não tem. Se a vontade não existe, eduque-se para, todos os dias, permanecer algum tempo sentado no vaso sanitário, mesmo sem vontade. Isso ajuda a criar o condicionamento.

Beba água!

A hidratação é fundamental para não ressecar as fezes.

Como o intestino grosso tem função de retirar água das fezes, quando a ingestão de líquidos é menor, ele tende a retirar água mais intensamente das fezes. O ressecamento é inevitável.

O que vale é a hidratação. Pode ser água, suco, chá...

Coma fibras!

A ingestão de fibras é fundamental para o bom funcionamento intestinal.

As fibras são carboidratos não digeríveis, ou seja, elas passam por todo o trato gastrointestinal e chegam no intestino grosso.

Bactérias adoram fibras. O intestino grosso é o local do nosso corpo onde as bactérias existem em maior abundância.

Assim, quando as fibras chegam no intestino grosso, as bactérias começam a "trabalhar" nessas fibras, produzindo, dentre outras coisas, glicose. Essa glicose puxa a água para as fezes, fazendo com que o volume das fezes aumente e a perda de líquido delas seja mais lenta. Ou seja, as fezes ficam maiores, mais úmidas e macias. Isso é importantíssimo, pois o contado das fezes pressionando o interior do intestino grosso (a sua parede), gera a vontade de evacuar. Se essas fezes se tornam ressecadas, o estímulo delas na parede interna do intestino grosso é reduzido, o que diminui a vontade de evacuar.

Há tipos diferentes de fibras, sendo as que chamamos de insolúveis, as mais adequadas para executar uma função "laxativa".

A recomendação de utilizar verduras e frutas (mamão, laranja com bagaço, manga...) é bastante conhecida para quem é obstipado. O que vale a pena enfatizar aqui é o consumo de cereais integrais em grão.

Os alimentos refinados são péssimas escolhas para quem tem prisão de ventre. Eles estão presentes em diversos alimentos industrializados.

A forma mais simples e eficiente de eliminar a obstipação está na adoção de uma dieta composta exclusivamente por alimentos naturais e integrais. Na prática clínica, dentre os cereais integrais em grão, o centeio em grão e o milho (da espiga, não da lata) têm sido os mais eficientes para intensificar o trânsito intestinal. Utilize também o arroz integral, trigo em grão e a linhaça em grão.

Não se engane! Os produtos derivados dos grãos integrais, como o pão integral e o macarrão integral que encontramos nos mercados, não costumam ter uma quantidade adequada de farinha integral. Eles não têm os mesmos efeitos que o uso do grão.

O uso de farelos, especialmente de trigo também pode ser utilizado, mas você vai perceber, na prática, que se a sua alimentação for composta por cereais em grão, ele se tornará desnecessário.

A regra é simples: utilize o que é natural e integral. Retire o que é refinado e processado.

Utilize ameixa preta!

A ameixa preta (fresca, desidratada, ou o seu suco) contém um ácido chamado diidroxifinil isotina. Esse ácido estimula a movimentação (motilidade) dos intestinos.

Não se esqueça que o que vale na alimentação é o conjunto dela. O uso isolado de mamão, ameixa, farelo de trigo e semente de linhaça, por exemplo, pode ser uma boa opção para quem tem prisão de ventre, mas se a alimentação como um todo for natural e integral, o intestino funciona por si só. Geralmente, nesse caso, mesmo com hábitos inadequados (inatividade física e irregularidade para ir ao banheiro), a pessoa não consegue resistir ao estímulo para evacuar, pois ele se manifesta intensamente.

Cuide bem da sua flora intestinal!

Cerca de 30% das fezes são compostas por bactérias mortas.

Uma flora bacteriana intestinal adequada traz inúmeros benefícios para a saúde do intestino e do organismo como um todo.

A flora intestinal se modifica conforme o substrato que recebe. Uma flora benéfica adora compostos de origem vegetal. Compostos chamado de frutooligossacarídeos, como a inulina, são importantes para que bactérias benéficas permaneçam no intestino em boa quantidade. Alimentos como a escarola, alho poró e alcachofra são ótimos para fornecer esse composto.

O odor das fezes tem uma forte relação com a flora intestinal, e costuma ser mais ameno nos vegetarianos. Muitos vegetarianos que têm uma alimentação totalmente integral e natural não apresentam fezes com odor desagradável.

Algumas pessoas utilizam o que chamamos probióticos, que são bactérias benéficas que passam pelo trato gastro intestinal sem serem destruídas e colonizam o intestino grosso. Essa alternativa para melhorar a flora intestinal é válida, mas desnecessária para uma pessoa que conseguiu adotar uma alimentação integral.

Fique tranqüilo!

Para evacuar é necessário estar tranqüilo! O nosso sistema nervoso (parassimpático) tem uma ação importante no reflexo da evacuação.

Fazer coco com pressa não dá muito certo.

Calma aí! Tem 2 trenzinhos!

Já que é para evacuar, faça direito!

Quando evacuamos, inicialmente esvaziamos o conteúdo intestinal que está mais próximo do ânus. É o primeiro trenzinho!

Se você aguardar mais alguns minutos, o conteúdo de fezes, já formada, que estava mais para cima do intestino, vai descer. Esse é o segundo trenzinho!

Elimine os dois!

 

Fonte: www.alimentacaosemcarne.com.br

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Refluxo

Há alguns meses recebi um e-mail de uma leitora solicitando que abordasse esse assunto.

 

Apesar de não existirem estudos que fizeram comparações sobre a incidência desse problema entre vegetarianos e não vegetarianos, por ser um problema relativamente comum mesmo entre vegetarianos, vale a pena conversarmos sobre ele.


O processo digestivo

Quando ingerimos um alimento, ele desce pelo esôfago até chegar no estômago. O estômago contém enzimas digestivas e uma acidez bastante pronunciada. Esse ácido não deve voltar para o esôfago, pois isso causa lesões (feridas) no esôfago.

Assim, para proteger o esôfago do ácido, no final dele há uma maior pressão da sua musculatura que, contraída, impede que o ácido gástrico volte para o esôfago. A essa região chamamos esfíncter inferior do esôfago.

O retorno do suco gástrico para o esôfago é chamado de refluxo gastroesofágico (do estômago - gastro - para o esôfago). O refluxo é considerado um dos problemas mais comuns do tubo digestivo e pode se manifestar com diversos sintomas.

Sintomas do refluxo

Os principais sintomas que a pessoa que tem refluxo apresenta são:

- Azia;

- Regurgitação ácida;

- Queimação na "boca do estômago" que pode irradiar até a região do pescoço. Chamamos essa sensação de queimação retroesternal, por se localizar "atrás" do osso tórax, que chamamos esterno. Essa localização nada mais é do que o local onde o esôfago fica.

Quem tem dor de estômago deve fazer exames?

Nem sempre. A indicação de realização de exames deve ser feita pelo médico.

De forma geral, pessoas com menos de 40 anos de idade que apresentam queimação e regurgitação menos de duas vezes por semana, sem as manifestações de alarme (que descrevo à frente) e com as manifestações há menos de 4 semanas podem ser submetidas a um teste terapêutico, que consiste no uso de medicações específicas e modificações comportamentais (descritas à frente).


As manifestações de alarme

As pessoas que apresentam manifestações de alarme são as principais candidatas para realização de exames mais específicos.

As manifestações de alarme são:

- dificuldade para engolir;
- dor para engolir;
- anemia (provocada por pequenos sangramentos no esôfago);
- hemorragia digestiva e emagrecimento;
- história familiar de câncer;
- náuseas e vômitos;
- sintomas de grande intensidade e/ou de ocorrência noturna.

As manifestações atípicas

A ausência de sintomas típicos não exclui o diagnóstico da doença, pois a doença do refluxo pode se manifestar de diversas formas:

- com dor torácica que pode lembrar a dor cardíaca. Isso ocorre pois a dor no esôfago pode ser confundida com a dor no coração;

- com sintomas pulmonares, pois o ácido do estômago pode voltar para o esôfago e penetrar nos pulmões. Os sintomas, nessas condições, são: asma, tosse crônica, tosse com escarro sanguinolento, bronquite e pneumonias de repetição;

- com sintomas em ouvido, nariz e garganta, pois o suco gástrico pode atingir essas regiões ocasionando: rouquidão, pigarro, dor de garanta, sinusite e dor de ouvido;

- com sintomas na boca, por contato do suco gástrico, ocasionando: desgaste do esmalte dentário, mau hálito e aftas.

Quando é refluxo?

Os sintomas descritos anteriormente podem ser confundidos com outros problemas. Assim, quando a pessoa apresenta os sintomas por pelo menos duas vezes por semana, há cerca de quatro a oito semanas, são consideradas possíveis portadoras de doença do refluxo gastroesofágico.

Como fazer o diagnóstico?

O seu médico deve avaliar a necessidade de exames específicos que, associados ou não aos sintomas descritos, estabelecerão o diagnóstico.

A endoscopia é bastante utilizada. A pHmetria é considerado o melhor exames para evidenciar a presença do refluxo gastroesofágico.

Outros exames, em situações clínicas mais específicas podem ser utilizados, como o raio X contrastado de esôfago, exame cintilográfico e manometria.

O refluxo pode complicar?

Sim, pode! Existe uma forte correlação entre o tempo de duração dos sintomas e o aumento do risco para o desenvolvimento de câncer de esôfago (adenocarcinoma do esôfago) e alterações da sua camada interna resultando no que chamamos esôfago de Barrett (considerada uma condição de risco para o desenvolvimento de câncer).

A esofagite (inflamação no esôfago) pode favorecer o sangramento no esôfago e o seu estreitamento (dificultando a passagem do alimento).

TRATAMENTO

O objetivo do tratamento clínico é aliviar os sintomas, cicatrizar as lesões, prevenir as recidivas e as complicações decorrentes do refluxo.

Utilizamos, concomitantemente, as medidas comportamentais e farmacológicas (medicamentosas) para o tratamento.

Medidas comportamentais

As principais medidas comportamentais preconizadas são:

1) Elevar a cabeceira da cama 15 cm. Pela gravidade, isso dificulta o retorno do alimento do estômago para o esôfago. Essa elevação deve ser feita nos pés da cama e não colocando travesseiros para ficar com o tronco mais elevado;

2) Tomar cuidado com o uso de medicações que podem piorar o refluxo (colinérgicos, teofilina, bloqueadores de canal de cálcio, alendronato...);

3) Não deitar nas duas horas seguintes às refeições, pois com o estômago cheio e na horizontal o seu conteúdo pode voltar para o esôfago mais facilmente;

4) Não ingerir refeições com grande volume de alimentos, pois com o estômago mais cheio, o retorno do seu conteúdo para o esôfago é mais fácil;

5) Comer em posição ereta, pois ao comer curvado, além de perdermos um pouco da noção do enchimento do estômago, favorecemos o aumento da pressão no abdômen favorecendo o refluxo;

6) Não utilizar roupas e acessórios que apertem a região abdominal, pois isso pode aumentar a pressão dentro do abdômen favorecendo o refluxo;

7) Fracione as refeições. Com isso você consegue comer menores volumes por refeição;

8) Mastigue bastante os alimentos. Alimentos liquidificados e com mais saliva misturada são menos agressivos às regiões machucadas. A saliva contém uma substância chamada Urogastrona (ou Fator de Crescimento Epidérmico) que favorece o processo de regeneração do trato gastrointestinal e maior proteção contra o ácido do estômago;

9) Não fumar. O cigarro é um dos maiores irritantes do estômago que existem;

10) Manter o peso adequado, pois a obesidade aumenta a pressão dentro do abdômen empurrando o estômago para cima, o que favorece o refluxo;

11) Reduzir ou preferencialmente não utilizar alimentos que reduzem a pressão do esfíncter inferior do esôfago (favorecendo o retorno do conteúdo gástrico): café, mate, chá preto, bebidas alcoólicas, menta, hortelã, chocolate e alimentos gordurosos;

12) Reduzir ou não utilizar alimentos que irritem os locais já com lesão do trato gastrointestinal: condimentos picantes, refrigerantes, suco de frutas ácidas, tomate e outros alimentos ácidos;

13) Evitar alimentos que tenham um esvaziamento gástrico mais lento: alimentos gordurosos, mal mastigados, muito salgados ou doces e chocolate.

14) Evite alimentos que contenham corantes, estabilizantes, aromatizantes... A sua ação sobre o organismo é, muitas vezes, incerta podendo ser agressivos para o estômago e regiões machucadas do esôfago.

15) Se a refeição não estiver muito salgada, evite beber líquidos durante a refeição;

16) Se a refeição estiver salgada, utilize um pouco de líquido junto ou após a refeição;

Medidas Farmacológicas

Utilizamos medicamentos para reduzir a produção de ácido do estômago, ou menos comumente, medicamentos que neutralizam o ácido produzido. O seu uso por 6 a 12 semanas é recomendado.
Medicamentos que aceleram o esvaziamento do estômago também podem ser utilizados.

Cirurgia

Está reservada a situações onde o tratamento clínico não surte o resultado almejado.

 

Fonte: www.alimentacaosemcarne.com.br

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Questões sobre vacinação

Vacinação não tem relação direta com vegetarianismo, mas alguns vegetarianos têm se posicionado contra a vacinação de crianças embasados em textos que não apresentam fundamentação sólida para determinar tal conduta.

O objetivo desse texto é fornecer aos pais argumentos adequados sobre a decisão de vacinar ou não os seus filhos.

Texto escrito pelo Dr Orlei Ribeiro de Araujo (médico pediatra, infectologista).

Para acessar em PDF clique em: Questões sobre vacinação


Questões sobre a vacinação


Orlei Ribeiro de Araujo - médico pediatra

Uma pergunta que surgiu em um fórum vegetariano levantou uma preocupação: uma mãe gostaria de saber se existem vacinas veganas, e afirmava que não estava fazendo a vacinação de rotina em seu filho por ter tido a informação de que vacinas conteriam células de boi. Não é uma questão banal: a cada dia cresce o movimento anti-vacinação, e informações distorcidas como esta estão disponíveis em vários locais na internet, entre grupos religiosos e vegetarianos. O sentimento da comunidade médica é de apreensão, pois é evidente que estas pessoas, por não terem tido contato com as doenças que foram erradicadas pela vacinação, não sabem o que significa um surto de poliomielite ou sarampo. Não vemos mais crianças paralisadas, usando aparelhos para locomoção, ou cobertas de feridas de varíola (fotos abaixo). Desta forma, o fantasma das doenças ficou distante, e as pessoas passaram a temer as vacinas. Alegando motivos religiosos ou crenças pessoais, muitos pais têm impedido a vacinação de crianças nos Estados Unidos, e já existe um reflexo: nos estados onde basta um declaração dos pais para escapar da vacinação obrigatória, observou-se um aumento de 50% nos casos de coqueluche. Um surto de sarampo vitimou 34 crianças no estado de Indiana, cujos pais alegaram motivações religiosas para a não-vacinação. A triste síndrome da rubéola congênita, desaparecida há tantos anos, voltou a aparecer na Holanda em 2004: 29 gestantes foram infectadas. A rubéola congênita leva a graves malformações cardíacas e cerebrais. O surto teve origem em uma comunidade religiosa que se abstinha da vacinação. A decisão de não vacinar os filhos ou não se vacinar não é tão simples, pois tem conseqüências para outras pessoas fora da família.

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Fotos: crianças com seqüelas de poliomielite e lesões de varíola, doenças desaparecidas com a vacianação

Tentaremos esclarecer alguns dos questionamentos mais comuns das pessoas que se opõe à vacinação.

 

As vacinas contém células e outros produtos de origem animal?

De fato, a maioria esmagadora das vacinas têm, durante o processo de fabricação, contato com produtos de origem animal. Isto se deve ao simples fato de que as bactérias e vírus que causam doenças são parasitas obrigatórios de homens e animais. Para produzir vacinas, é necessário cultivar estes agentes em laboratório, e a maioria não se reproduz sem alguns nutrientes de origem animal. Assim, bactérias e vírus são cultivados em meios aos quais pode ser necessário acrescentar produtos como gelatina, aminoácidos, glicerol ou soro (parte líquida do sangue sem as células) de bois ou outros animais, como porcos, e até mesmo humano. Alguns vírus só se reproduzem em culturas de células (como o da pólio) ou em ovos (de galinha) embrionados, como o do vacina da gripe. Nas etapas subsequentes da fabricação, um exaustivo processo de filtração elimina estes produtos de origem animal, mas resíduos de proteínas podem permanecer. Um exemplo são as vacinas contra influenza (gripe), que podem conter resíduos de proteínas de ovo. Não permanecem células animais nas vacinas. Podemos afirmar que praticamente inexistem vacinas veganas, que utilizem apenas meios sintéticos para produção. Podemos considerar "veganas", de acordo com informações da literatura, apenas as vacinas contra hepatite B e contra Haemophilus influenzae da Merck Sharp e Dohme, e as vacinas tríplice acelular (difteria, coqueluche, tétano) e contra cólera da Aventis Pasteur, nas quais não há relato de uso de produtos animais na fabricação.

As vacinas contém produtos químicos que podem fazer mal à saúde?

Basicamente, as vacinas contém preservativos, que as mantém livres de contaminação, e adjuvantes, que são produtos que potencializam a resposta imunológica. Podem conter traços de antibióticos.

Houve uma grande preocupação com o preservativo timerosal, por conter mercúrio. Um artigo alarmista associou este preservativo da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ao desenvolvimento de autismo em 12 crianças, em 1998, mas os autores foram obrigados a se retratar, devido à clara falta de evidências para esta afirmação. Sabemos, com segurança, que a quantidade de mercúrio acumulada no corpo uma criança com a vacinação completa está muito longe (cerca de mil vezes menos) da quantidade necessária para causar qualquer dano à saúde. De qualquer forma, este preservativo foi removido da maioria das vacinas. Os outros preservativos (fenol e fenoxietanol) nunca foram relacionados a nenhum problema sério, existindo apenas um relato de eczema possivelmente relacionado ao fenoxietanol.

O adjuvante mais utilizado é o hidróxido de alumínio, que pode estar relacionado a reações locais como vermelhidão e endurecimento no local da aplicação, sem nenhum relato de efeitos prejudiciais sérios.

Os antibióticos utilizados para evitar contaminação durante a produção (neomicina, polimixina B, entre outros) podem deixar resíduos nas vacinas. São antibióticos usados também em algumas doenças humanas, e os resíduos vacinais não trazem riscos, a não ser de reações locais (vermelhidão). Nunca foram documentadas reações sérias a estes resíduos.

É verdade que restos de fetos abortados são utilizados na fabricação das vacinas?

Não. Esta história tem origem na origem das linhagens de células diplóides utilizadas em culturas de vírus (como o da raiva, hepatite A e varicela) para produção de vacinas. Estas células, quando colocadas em meios de cultura adequados, se reproduzem indefinidamente. Duas das linhagens utilizadas atualmente ( denominadas MRC-5 e WI-38) são originárias de tecido embrionário de três fetos abortados nos anos 1960, doados para pesquisa. Nunca foram feitos abortos com o fim específico de produzir vacinas, e as células não estão presentes no produto final. Como existe a preocupação, por parte de pessoas religiosas, de serem cúmplices dos abortamentos que originaram as células nos anos 60 ao receber uma vacina, o US National Catholic Bioethics Center se manifestou sobre o assunto, de maneira bastante lúcida, concluindo que o uso destas vacinas não é cúmplice, e nem contrário à oposição religiosa ao aborto. As vacinas foram consideradas éticas pelos analistas católicos, por não existir vínculo causal nem temporal entre os abortamentos de mais de 40 anos atrás e a produção atual.

Os médicos escondem os efeitos colaterais das vacinas?

Não. A notificação de efeitos vacinais adversos é obrigatória em vários países, e são dados públicos. Uma boa revisão são os dados americanos da FDA (agência reguladora de medicamentos) e dos CDC (Centers for Disease Control, disponíveis em: http://www.cdc.gov/mmwr/PDF/ss/ss5201.pdf e http://www.fda.gov/

É verdade que as vacinas podem causar até morte e efeitos colaterais graves?

Vacinas são imperfeitas, como qualquer outro produto humano, e podem causar efeitos colaterais. A imensa maioria destes efeitos é leve. Uma compilação de 10 anos de registros dos CDC (1991-2001) mostra que, em mais de 1 bilhão e 900 milhões de dose de 27 tipos de vacinas aplicadas, foram notificados 11,4 relatos de efeitos colaterais possivelmente associados à vacinação em cada 100.000 doses aplicadas. Destes, a febre foi o relato mais comum (26%), seguida de dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação. 14,2% (1,6 casos a cada 100.000 doses) destes relatos eram de possíveis efeitos sérios (por definição, efeitos sérios são os que causam lesão permanente, hospitalização, risco de morte e morte). É importante ressaltar que a notificação não implica causalidade, existindo em princípio apenas a relação temporal. Todos os relatos de morte foram investigados, e a imensa maioria foi de crianças vítimas da Síndrome de Morte Súbita da Infância, não existindo vínculo causal com a vacinação. De 206 mortes possivelmente relacionadas à vacinação, apenas a morte de uma mulher de 28 anos, que apresentou um doença neurológica aguda (Síndrome de Guillain-Barré) após uma vacina anti-tetânica, foi considerada como causada pela vacina.

As vacinas de um modo geral são seguras, e o risco de efeitos colaterais é pequeno e imensamente compensado pelos benefícios.

"Como vegetarianos têm um modo de vida saudável e uma alimentação correta, não necessitam receber vacinas, que são anti-naturais e produzem alterações não-naturais no sistema imunológico"

Infelizmente, modos de vida e pensamentos corretos não nos tornam imunes à infecção. As vacinas provocam uma resposta natural, que é a formação de anticorpos contra um agente infeccioso e a memória desta resposta. A grande descoberta humana foi provocar esta resposta sem a necessidade de desenvolver a doença.

O que é "Herd Immunity"?

Este termo, freqüentemente utilizado em políticas de saúde pública, significa "imunidade em multidão," traduzindo a idéia de que, se todos são vacinados contra uma doença evitável por imunização, esta doença pode desaparecer. Uma pessoa não-vacinada pode trazer o vírus ou bactéria de volta para uma comunidade ou um país onde a doença já não se manifestava. Um bom exemplo são os casos de sarampo iniciados no Brasil em 2005, quando o vírus foi trazido da Ásia por um surfista. Duas crianças que adquiriram a doença, por terem viajado com o surfista em um vôo, eram irmãos que não foram vacinados por orientação de medicinas alternativas. ( http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI600760-EI715,00.html )

"Ao obrigar pessoas a tomar vacinas, os governos estão violando as liberdades individuais."

Esta discussão foge da área médica, mas existem algumas considerações: sabemos que as vacinas são necessárias para controlar doenças graves. A não-vacinação em massa pode provocar a morte e o sofrimento de milhões de pessoas. Uma pessoa que decide não se vacinar pode colocar em risco seus próximos e a sua comunidade, não sendo, portanto, uma atitude sem conseqüências. Devemos considerar que, ao abrir mão de alguns de nossos princípios e assumir um pequeno risco ou desconforto na vacinação, estaremos manifestando a preocupação com o próximo, desejando o bem-estar de todos.

A questão é mais complicada quando envolve a vacinação de crianças. Ainda que seja uma atitude egoísta, um adulto pode perfeitamente decidir não se vacinar, mas será que os pais têm o direito de negar aos filhos a proteção da vacina? O Estatuto da Criança e do Adolescente nos diz:

Art. 3º - "A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade."

Art. 7º - "A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência."

Do ponto de vista da proteção à criança, negar-lhe a vacinação pode ser considerado negligência. Não podemos estender à criança as nossas convicções, e sim respeitá-la como pessoa e pensar na sua proteção. É sempre melhor, ao invés de obrigar os pais a vacinar os filhos, informá-los dos riscos e convencê-los de que os benefícios os suplantam.

Um sugestão de leitura: "SOBRE VACINAÇÃO: SEIS CONCEPÇÕES ERRÔNEAS COMUNS" - disponível em

http://www.sbim.org.br/documentos/SobreVacinacao.doc

 

Fonte: www.alimentacaosemcarne.com.br

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Vegetarianismo em Pediatria

A dieta vegetariana pode ser seguida por crianças.

Esse texto foi publicado na Revista Diálogo Médico: Vegetarianismo em Pediatria

Autor: Dr Eric Slywitch

 

Não existem mais dúvidas de que a dieta vegetariana (DV) bem planejada é adequada para crianças. A adequação dietética não depende do ato de comer ou não carne, mas sim da forma de elaborar a alimentação sem ela.
Pelo desconhecimento do que é ou deixa de ser uma DV (inclusive sobre a inclusão ou não de ovos, leite e derivados - que também podem fazer parte da dieta vegetariana), alguns profissionais cometem erros conceituais e interpretativos sobre ela.


Os bebês de mulheres vegetarianas apresentam peso ao nascer semelhante ao de filhos de mães não vegetarianas. O peso desses bebês também atinge os valores esperados para nascimento (O'Connell e cols 1989, Drake e cols 1989, Lakin e cols 1998).


Alguns estudos antigos encontraram crescimento insuficiente em crianças seguindo uma DV. Esse achado foi evidente quando a dieta era muito restrita, como no caso de crianças macrobióticas, que não são necessariamente vegetarianas (VanDusseldorp e col 1996). Esse problema se chama falta de alimentação e não vegetarianismo.


Diversos estudos demonstraram que a DV adotada por crianças ovolacto-vegetarianas promove crescimento semelhante ao das não vegetarianas (Hebbelinck e Clarys 2001, Sabate e col 1990, Nathan e col 1997).


As DVs, inclusive veganas, bem planejadas satisfazem as necessidades nutricionais de bebês, crianças e adolescentes e promovem o crescimento normal (Messina e Mangels 2001, Hebbelinck e Clarys 2001, Mangels e Messina 2001).


As diretrizes para introdução de alimentos sólidos, assim como para o uso de suplementos de ferro e vitamina D são as mesmas para bebês vegetarianos e não vegetarianos (Mangels e Messina 2001).


As crianças veganas podem ter necessidade protéica ligeiramente maior que as não veganas (como as ovolactovegetarianas e as onívoras) devido à diferença de digestibilidade e da composição de aminoácidos das proteínas vegetais, mas esta necessidade protéica é atendida quando a dieta contém calorias suficientes e uma pequena diversidade de alimentos vegetais (Millward 1999, Messina e Mangels 2001, Food and Nutrition Board 2002).


A ingestão média de proteínas das crianças vegetarianas (inclusive as veganas) costuma obedecer ou exceder às recomendações, embora as crianças vegetarianas possam consumir menos proteína que as não vegetarianas (Nathan e cols 1996, Sanders e Manning 1992).


As dietas vegetarianas na infância e na adolescência podem criar padrões alimentares saudáveis para a vida toda e apresentar algumas vantagens nutricionais importantes. Crianças e adolescentes vegetarianos apresentam menor ingestão de colesterol, gordura saturada e ingestão maior de frutas, verduras e fibras que os não vegetarianos (Perry e cols 2002, Sanders e Manning 1992, Fulton e Hutton 1980).


O ponto de maior atenção na dieta vegetariana é a vitamina B12, motivo de inúmeras publicações demonstrando deficiência em adultos e crianças. Dessa forma é recomendado uma fonte segura para crianças e gestantes, principalmente. Consideramos fontes seguras: ovos, leite e laticínios. A maioria dos vegetarianos utiliza esses alimentos. No caso dos veganos a suplementação é a via mais segura para garantir o suprimento dessa vitamina.


A American Dietetic Association (ADA) e Dietitians of Canada consideram que: "Dietas veganas e ovolactovegetarianas bem planejadas são adequadas a todos os estágios do ciclo vital, inclusive durante a gravidez e a lactação. Dietas veganas e ovolactovegetarianas adequadamente planejadas satisfazem as necessidades nutricionais de bebês, crianças e adolescentes e promovem o crescimento normal" (ADA 2003).


O vegetarianismo também é incentivado pela American Heart Association (AHA), Food and Drug Administration (FDA), College of Family and Consumer Sciences (University of Georgia) e já que estamos falando em pediatria, Kids Health (Nemours Foundation).


A American Dietetic Association e Dietitians of Canada são enfáticas em afirmar que os profissionais da área de nutrição têm o dever de apoiar e encorajar os que demonstram interesse em seguir uma dieta vegetariana.

Os alimentos utilizados para a obtenção dos nutrientes numa dieta vegana são muito mais diversificados do que os utilizados por onívoros (Christel e col, 2005). Isso demonstra que a dieta vegana (estrita) não é restrita.

 

Bibliografia

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Fonte: www.alimentacaosemcarne.com.br

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Crescimento e desenvolvimento de crianças vegetarianas

Autor: Dr Eric Slywitch

Entrevista publicada no IPCE (Instituto de Pesquisa, Capacitação e Especialização)


- Estudos mostram que crianças vegetarianas, quando seguem uma dieta bem balanceada, não têm deficiência de crescimento em relação as outras. Basicamente quais os alimentos que não podem faltar em uma dieta vegetariana para crianças, garantindo assim seu desenvolvimento normal?

Diferente do que muitos imaginam, a dieta vegetariana não é composta por verduras e legumes. A base da alimentação é a mesma da dieta onívora. Os alimentos mais calóricos são preconizados como base da dieta.

Assim, a criança vegetariana utiliza todos os alimentos do grupo dos cereais (arroz, trigo, milho, centeio, cevada, pães, macarrões...), das leguminosas (todos os feijões e derivados), oleaginosas (após o primeiro ano de vida ou o terceiro, caso haja história de alergia familiar), as frutas, hortaliças (verduras, legumes e vegetais amiláceos - que para vegetarianos são classificados juntamente com as hortaliças, e não com os cereais) e óleos.

Para os ovo-lactovegetarianos o consumo de ovos e laticínios faz parte do cardápio.


- Como garantir os nutrientes necessários na fase da adolescência, período em que o crescimento rápido faz aumentar a demanda de vários nutrientes, dentre eles, a proteína?

Utilizando e variando os alimentos dos diversos grupos alimentares.

O único nutriente que pode estar ausente na dieta vegetariana, quando os ovos e laticínios não são utilizados, é a vitamina B12, que deve ser suplementada nessas condições.

O planejamento nutricional adequado fornece todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento, segundo diversos artigos científicos publicados que, inclusive, demonstram que os adolescentes vegetarianos têm um cardápio mais diversificado do que os onívoros.


A deficiência protéica é um mito na dieta vegetariana, que não é suportada por inúmeras publicações científicas. Da mesma forma, a deficiência de ferro não é mais prevalente em os vegetarianos quando comparada com onívoros.

- Nesta fase de adolescência, além de ingerir os alimentos corretos, é necessário, tomar suplementos de nutrientes?

As diretrizes para suplementação na infância, assim como para todas as fases da vida são as mesmas para vegetarianos e onívoros.

A única diferença está no uso de vitamina B12, que deve ser sempre suplementada na infância, gestação e lactação, independente do uso de ovos e laticínios, assim como para os vegetarianos que se abstém do consumo desses alimentos.

- Crianças precisam de energia e, como a dieta vegetariana tende a ter menos calorias, quais os alimentos que poderão suprir esta necessidade?

As dietas vegetarianas tendem a ter menos calorias do que as onívoras, mas ultrapassam, sem nenhuma dificuldade, a necessidade calórica diária.

Lembre-se de que a dieta vegetariana não é composta por verduras e legumes, apesar desses alimentos fazerem parte do cardápio.

 

Fonte: www.alimentacaosemcarne.com.br

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