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Quais são os principais desafios na atribuição de consciência aos animais e como a ciência e a filosofia abordam essa questão?

A atribuição de consciência aos animais é um tema complexo e debatido. Embora o comportamento manifesto seja persuasivo, não é um critério conclusivo, levando a discussões sobre a possibilidade de saber se outros animais são conscientes e como eles são conscientes. Negar a primeira hipótese é mais forte, pois exigiria que a consciência não tivesse efeitos mensuráveis no comportamento.

Historicamente, o critério dominante para avaliar a consciência animal tem sido influenciado por uma interpretação do evolucionismo darwiniano. A tese evolucionista sugere que características surgidas com o processo evolutivo são resultados de uma maior complexidade na estrutura do organismo, codificada em seu material genético. No entanto, mesmo esse critério é considerado indireto e meramente indicativo.

Pesquisas contemporâneas, como os experimentos com espelhos, fornecem evidências significativas de autoconsciência em chimpanzés, gorilas, orangotangos e humanos com mais de 18 meses. Além disso, a Declaração de Cambridge sobre a Consciência (2012) afirma que a ausência de um neocórtex não impede a experiência de estados afetivos, e que evidências convergentes indicam que animais não humanos (incluindo mamíferos, aves e cefalópodes como polvos) possuem substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos de estados conscientes, juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais.

Filósofos como Dretske abordam teorias de alto nível da consciência, onde um estado mental é consciente pelo significado que possui. A senciência, definida como a capacidade de sentir e reagir a um estímulo de forma consciente, é um critério crucial, distinguindo um ser senciente de uma máquina. Essa capacidade é evidenciada por comportamentos complexos e adaptáveis, a presença de um sistema nervoso central e o parentesco evolutivo. A capacidade de ter experiências positivas e negativas (valência) é fundamental para que um ser seja passível de ser prejudicado ou beneficiado, e é por isso que a senciência é considerada um critério adequado para a consideração moral.

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