Como a filosofia de Tom Regan e Peter Singer fundamenta a defesa dos direitos animais e quais são os principais conceitos que eles introduzem?
Tom Regan e Peter Singer são figuras centrais na filosofia dos direitos animais, embora suas abordagens difiram.
Tom Regan é um defensor dos "direitos animais" e da perspectiva de que os animais são "sujeitos de uma vida". Para Regan, o problema central na relação humano-animal não é apenas a dor ou o sofrimento, mas a visão de que os animais são meros recursos para uso humano. Ele argumenta que seres são "sujeitos de uma vida" se são conscientes, dotados de uma identidade psicológica unificada e uma experiência de bem-estar que lhes confere valor inerente, independentemente de sua utilidade para outrem. Isso significa que eles merecem tratamento respeitoso e direitos morais básicos, como à vida e à integridade. Regan critica as visões behavioristas e enfatiza que muitos animais não humanos exibem crenças e desejos, indicando ações volitivas e intencionais. Para ele, reconhecer os animais como "sujeitos de uma vida" é reconhecê-los como moralmente iguais aos humanos, implicando a abolição da exploração animal, e não apenas sua regulamentação.
Peter Singer, por sua vez, é um expoente do "utilitarismo de interesses" ou "utilitarismo de preferências". Para Singer, o foco não está nos direitos inerentes, mas na capacidade de sofrer. Ele argumenta que todos os seres dotados de senciência (capacidade de sentir dor e prazer) devem ter seus interesses considerados de forma igual, independentemente de sua espécie. O princípio da igual consideração de interesses é central para sua ética, afirmando que a dor de um animal não humano tem a mesma importância moral que a dor de um humano, se a magnitude do sofrimento for similar. Singer, no entanto, é criticado por alguns abolicionistas por seu utilitarismo poder, em certas interpretações, abrir precedentes para a instrumentalização de animais em situações onde o benefício agregado para a maioria (incluindo humanos) superaria o sofrimento individual do animal, embora ele mesmo condene o sofrimento injustificado e apoie a libertação animal.
Ambos os filósofos são cruciais para a discussão antiespecista. Regan e Singer convergem na defesa de que a discriminação baseada na espécie ("especismo") é moralmente indefensável, análoga a outras formas de preconceito como o racismo e o sexismo. Suas filosofias fornecem as bases intelectuais para o movimento contemporâneo de proteção animal, impulsionando a revisão de hábitos culturais e a busca por uma ética mais inclusiva.
- Acessos 13