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Qual a diferença entre "consideração pelos animais" e "ambientalismo" e por que essas perspectivas podem ser conflitantes?

Embora a "consideração pelos animais" (ou defesa dos animais) e o "ambientalismo" sejam frequentemente vistos como complementares, os textos argumentam que eles são, na verdade, perspectivas fundadas em ideais diametralmente opostos, que podem gerar prescrições conflitantes na prática.

A consideração pelos animais (ou ética animalista) centra-se no bem-estar e nos interesses dos indivíduos sencientes. O que é valorizado é a capacidade de um ser sofrer e desfrutar. O objetivo é evitar o sofrimento e a morte de seres sencientes, sejam eles humanos ou não humanos. Para essa perspectiva, o meio ambiente é valorizado enquanto recurso para esses seres, ou seja, sua preservação é importante na medida em que contribui para o bem-estar dos indivíduos que o habitam. A injustiça fundamental reside em causar dano a um indivíduo senciente, independentemente de sua espécie.

O ambientalismo, por outro lado, na vasta maioria de suas posições, valoriza entidades não sencientes, como espécies, ecossistemas e a biodiversidade. O foco é a preservação da "natureza" ou "equilíbrio ecológico" como um fim em si mesmo. Nesses casos, os animais são frequentemente vistos como meros exemplares de espécies ou recursos para a manutenção dos ecossistemas. Isso pode levar a programas de extermínio de animais considerados "espécies invasoras" ou "pragas" em nome da preservação da biodiversidade ou do equilíbrio, mesmo que isso cause imenso sofrimento e morte a inúmeros indivíduos sencientes. A conservação da natureza "como ela é" ou "como era antes da intervenção humana" muitas vezes prevalece sobre o bem-estar dos animais individuais que nela vivem, resultando em atitudes como "deixar a natureza seguir o seu curso", mesmo que isso implique fome, doenças e mortes para os animais selvagens.

O conflito surge porque:

  • Objeto de Valor: Para a ética animal, o indivíduo senciente é o foco do valor moral; para o ambientalismo, são as espécies e ecossistemas.
  • Intervenção: A ética animal pode justificar intervenções na natureza para aliviar o sofrimento de animais selvagens (ex: vacinação, tratamento de doenças), enquanto o ambientalismo pode se opor a tais intervenções por considerar que alteram o "natural" ou o "equilíbrio".
  • Mortes: O ambientalismo pode aceitar e até promover a matança de animais em massa para proteger ecossistemas ou espécies, enquanto a ética animal condena a morte de seres sencientes, a menos que seja para evitar um sofrimento ainda maior.

Em resumo, enquanto a ética animal se preocupa com a dor e a experiência individual do sofrimento, o ambientalismo prioriza a integridade e a persistência de sistemas ecológicos e espécies, mesmo que isso custe o sofrimento de inúmeros animais individuais.

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