Por que a mera pertença à espécie humana não justifica o especismo?
A alegação de que humanos importam mais simplesmente por pertencerem à espécie humana comete a falácia da petição de princípio. Este argumento não explica por que ser humano é moralmente relevante, apenas assume que o é. Questionar a relevância da espécie para a consideração moral é o cerne do debate sobre especismo. Se alguém afirma que apenas sapos devem ser respeitados "porque sapos são sapos", essa "explicação" é vazia. O mesmo se aplica à afirmação "humanos são humanos".
Uma variante é a ideia de que "cada um deve privilegiar os da sua própria espécie". Essa defesa também falha por petição de princípio, pois não explica a relevância moral de pertencer à mesma espécie do decisor. Seria análogo a um racista defender que "cada um deve privilegiar os da sua raça" sem justificar por que a raça é um critério moralmente relevante. Ambos os argumentos assumem a validade do critério (espécie ou raça) que está sendo questionado.


Este volume, parte da Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado, foca-se na discussão do especismo, que é a discriminação injusta contra espécies não-humanas. O autor, Luciano Carlos Cunha, doutor em Ética e Filosofia Política, analisa criticamente diversas tentativas de justificar a menor consideração moral dada aos animais não-humanos em comparação com os humanos. A obra explora argumentos que variam desde a importância da espécie em si, passando por características metafísicas ou capacidades cognitivas, até apelos à tradição, naturalidade da prática, autointeresse e a própria natureza da ética, refutando-os e defendendo uma igual consideração para todos os seres sencientes. O objetivo é desconstruir as bases do antropocentrismo e do especismo, evidenciando as falhas lógicas e éticas por trás dessas justificativas.
- Acessos 8