Por que características metafísicas (como alma imortal ou dignidade) não justificam o especismo?
O apelo a características metafísicas para justificar o especismo (como ser criado à imagem de um criador, possuir uma alma imortal, dignidade ou pertencer a uma categoria ontológica superior) apresenta três problemas principais:
- Impossibilidade de comprovação: Não há como provar empiricamente ou de qualquer outro modo que os humanos possuem essas características e os animais não humanos não as possuem.
- Falta de explicação da relevância moral: Nenhuma dessas defesas explica por que a posse dessas características seria relevante para questões de consideração moral. Elas simplesmente assumem sua relevância.
- Irrelevância para sofrimento e benefício: O que é crucial para a consideração moral é a capacidade de ser prejudicado ou beneficiado. A posse de características metafísicas não determina essa capacidade. A senciência (a capacidade de ter experiências positivas e/ou negativas) é o fator relevante para determinar quem é passível de sofrer ou ser beneficiado, e, portanto, quem merece consideração moral.


Este volume, parte da Coleção Uma Jornada pela Ética Animal: Do Básico ao Avançado, foca-se na discussão do especismo, que é a discriminação injusta contra espécies não-humanas. O autor, Luciano Carlos Cunha, doutor em Ética e Filosofia Política, analisa criticamente diversas tentativas de justificar a menor consideração moral dada aos animais não-humanos em comparação com os humanos. A obra explora argumentos que variam desde a importância da espécie em si, passando por características metafísicas ou capacidades cognitivas, até apelos à tradição, naturalidade da prática, autointeresse e a própria natureza da ética, refutando-os e defendendo uma igual consideração para todos os seres sencientes. O objetivo é desconstruir as bases do antropocentrismo e do especismo, evidenciando as falhas lógicas e éticas por trás dessas justificativas.
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