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Por que o especismo é raramente discutido em debates sobre animais?

Resposta: O especismo — a discriminação com base na espécie — é a causa fundamental da exploração animal, mas raramente é o foco dos debates públicos sobre o tema. Isso se deve a um fenômeno de "desvio de foco", uma tática (intencional ou não) usada por oponentes da causa para mudar o assunto para temas como saúde, meio ambiente, economia ou segurança. Ao fazer isso, eles evitam discutir a questão moral central: por que é justificável causar sofrimento e morte a animais para nosso benefício.

Surpreendentemente, os próprios defensores dos animais muitas vezes aceitam esse desvio e passam a debater nesses termos secundários. Existem algumas hipóteses para isso:

  • Distração ou falta de preparo: O ativista pode não perceber o desvio de foco ou não saber como trazer a discussão de volta à questão ética central.

  • Vergonha ou medo de ridicularização: Discutir os direitos dos animais em uma sociedade altamente especista pode gerar medo de ser ridicularizado ou visto como radical, levando a uma preferência por argumentos "mais seguros".

  • Crença de que é uma estratégia mais eficiente: Alguns ativistas acreditam genuinamente que argumentos sobre saúde e meio ambiente são mais eficazes para convencer o público em geral.

  • Crença de que não é possível discutir ética: A ideia de que a ética é puramente subjetiva e não pode ser debatida racionalmente leva defensores a se apegarem a "fatos" sobre saúde ou meio ambiente.

  • Crença de que é impossível mudar as pessoas: Mesmo que a ética seja debatível, alguns acreditam que as posições morais das pessoas são fixas, tornando inútil discutir o problema central.

  • Concordância real com valores antropocêntricos: Em alguns casos, o próprio defensor pode, de fato, valorizar mais os benefícios humanos ou ambientais do que a consideração moral pelos animais.

  • Independentemente do motivo, não discutir o especismo impede que a raiz do problema seja tratada, perpetuando um ciclo em que os sintomas são debatidos enquanto a causa fundamental permanece intacta.


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Fonte:  COLEÇÃO UMA JORNADA PELA ÉTICA ANIMAL DO BÁSICO AO AVANÇADO VOLUME 8

Este texto, parte da Coleção Uma Jornada pela Ética Animal, volume VIII, escrito por Luciano Carlos Cunha, propõe um exame rigoroso e eficiente do ativismo em defesa dos animais. A obra dedica-se a estabelecer critérios práticos para que ativistas possam selecionar as causas e problemas mais urgentes, além de avaliar a eficácia das estratégias de ação. Um tema central é a extrema negligência sofrida pelos animais não humanos, especialmente aqueles explorados para consumo e os que sofrem na natureza, indicando que a causa animal atende aos critérios de prioridade devido à imensa escala de sofrimento envolvida. O livro também explora debates estratégicos cruciais, como a eficiência de focar no veganismo versus na redução do consumo, a polêmica das regulamentações de bem-estar animal, e a crescente importância da carne cultivada como uma solução tecnológica para mitigar a exploração.
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