Skip to main content

Culinária

preferences-128x128

Sobremesa sem desculpas - Pavê Vegano

pave vegano

Acho que não é mais segredo que não sou muito fã de sobremesas. Eu gosto de um pedacinho de bolo de vez em quando e com certeza aprecio um cookie ou um gelato bem feitos, mas a verdade é que raramente sinto desejo de comer doces. E como aqui em casa só tem eu e Anne, isso significa que qualquer sobremesa que eu fizer será dividida por dois e eu terei que dar conta de metade de um bolo de chocolate! Parece um sonho pra você? Pra mim não. Então geralmente só faço sobremesas quando temos convidados pra jantar. O que aconteceu sábado passado.

Como o prato principal era lasanha (receita nova que espero publicar aqui no dia que descobrir como fazer uma lasanha branca parecer atraente na foto) eu queria uma sobremesa leve. Criei esse pavê de banana com coco, baunilha e rum pra um dos jantares no meu “restaurante ocasional” ano passado. Foi um sucesso absoluto entre meus convidados europeus. Pois é, europeus. Sempre fico com receio de dividir minhas receitas de sobremesas com o pessoal do Brasil. Eu conheço suficientemente bem o repertório de sobremesas do meu país pra saber que “leve”, “pouco doce” e “sobremesa” nunca são combinados na mesma frase. Claro que não reclamamos diante de uma salada de frutas, embora uma boa parte dos meus compatriotas despeje uma dose generosa de leite condensado no seu prato antes de comê-la. Mas a verdade é que as sobremesas que fazem o pessoal da minha terra salivar são extremamente doces e carregadas de gordura, vinda de latinhas de leite condensado e creme de leite.

Esse pavê está bem longe das sobremesas descritas acima. Ele é leve e delicadamente perfumado com baunilha e rum. Gosto de usar biscoitos do tipo “speculoos” (os da marca “Lotus” são os melhores e são veganos), uma especialidade belga ligeiramente caramelizada e com toques de canela. Nunca vi esses biscoitos no Brasil mas você pode substituí-los por seu biscoito preferido. O importante é que ele não seja muito doce e tenha um sabor que se harmonize com os outros ingredientes. O leite de coco deixa o creme mais cremoso, mas o sabor fica bem suave no final. Pra mim uma sobremesa merece nota 10 quando os sabores são deliciosos e claramente detectados, sem uma espessa camada de açúcar encobrindo tudo, e as texturas interessantes. Esse pavê é um ótimo exemplo disso. Banana, rum, baunilha e coco vão muito bem juntos e as camadas diferentes oferecem texturas que se complementam.

Será que essa sobremesa vai fazer sucesso na sua casa? Se você for vegano, com certeza. Se leite condensado é pra suas sobremesas o que oxigênio é pros seus pulmões, talvez não. Mas comer algo leve de vez em quando (especialmente quando o assunto é sobremesa, que sempre chega quando seu estômago já está cheio) não deixa de ser uma boa idéia. E quer saber? Decidi que essa foi a última vez que dei explicações e me desculpei por uma sobremesa que criei. Existem milhões de receitas carregadas de açúcar e gordura por aí e ninguém vai ficar decepcionado se eu continuar criando receitinhas mais leves. Principalemente quando elas são tão saborosas quanto esse pavê.

Pavê de banana com coco, baunilha e rum

Você pode substituir os speculoos por biscoito do tipo “maizena” ou “maria”. Se estiver usando um favo de bauniilha corte-o ao meio no sentido do comprimento e, com a ponta da faca, raspe as sementes. Guarde o favo dentro de um pote de açúcar (o açúcar ficará deliciosamente perfumado) ou faça seu próprio extrato de baunilha, guardando os favos usados dentro de uma garrafinha com algum álcool forte, como whisky, e deixando macerar durantes várias semanas. Detesto sobremesas doces demais então uso o mínimo possível de xarope de bordo. Se você quiser um pavê mais doce aumente a quantidade de xarope/açúcar no creme. Gosto de fazer pavês individuais pois é mais bonito e mais fácil de controlar as porções.

2 bananas médias

8,10 biscoitos speculoos, quebrados em pedacinhos pequenos (essa quantidade pode variar depenendo do tamanho do biscoito usado)

1 ½ x de leite de soja

5cs de creme de coco (a parte cremosa do leite de coco)

2cc de amido de milho

2cs de xarope de bordo, ou açúcar demerara

1 favo de baunilha (as sementes), ou 1/2cs de extrato natural de baunilha

uma dose mais 1cc de rum envelhecido

1cs de azeite (ou margarina) pra fritar as bananas

Comece colocando uma lata de leite de coco na geladeira por pelo menos duas horas. O leite de coco vai se separar: a parte cremosa (gordura) vai ficar em cima e a parte mais líquida (água) embaixo. Abra, tomando o cuidado de não sacudir a lata, e retire 5 cs do creme que se encontra na superfície. Guarde o resto pra outra utilização. Em uma panela pequena, misture o creme de coco com o leite de soja, o xarope de bordo (ou açúcar) e as sementes de baunilha (se estiver usando extrato, acrescente depois). À parte dissolva o amido de milho em 2cs desse líquido e despeje tudo na panela. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau, até engrossar ligeiramente. O creme continua a engrossar enquanto esfria. Desligue o fogo e junte 1cc de rum e o extrato de baunilha, se não estiver usando as sementes. Cubra com papel filme pra impedir que uma película (nata) se forme,ou faça como eu: continue mexendo o creme até ele esfriar completamente. Aqueça o azeite (ou margarina) em uma frigideira, de preferencia de ferro. Descasque e corte as bananas ao meio, no sentido do comprimento. Frite até ficar  dourado dos dois lados. Despeje uma dose de rum (eu não meço, mas deve ser umas 3cs) e imediatamente incline a frigideira sobre a chama, deixando o fogo “entrar” na frigideira, pra flambar as bananas. Monte os mini pavês: despeje metade do creme frio no fundo de 6 copinhos, cubra com uma camada de biscoitos quebrados, seguido das bananas flambadas em pedaços, mais uma camada de biscoitos quebrados e termine com o resto do creme. Cubra cada copinho com um pedaço de papel alumínio (ou papel filme) e transfira pra geladeira. Deixe gelar por pelo menos 2 horas antes de servir. Rende 6 mini pavês (uso copinhos de 100ml).

Fonte: Papacapim

  • Última atualização em .
  • Acessos 42934

Você merece lasanha

minha-lasanha-preferida

Foi uma semana difícil. Daquelas em que nada dá certo e os problemas não param de se multiplicar. A nuvem negra foi tão pesada que atingiu até minha cozinha. Fiz um bolo de maçã que foi parar no lixo (apesar da minha consciência ter doído, como acontece sempre que desperdiço comida) e almocei paratha (um pão indiano) cru, pois a receita não deu certo e a massa não assou direito (depois do episódio do bolo, não tive coragem de estragar comida pela segunda vez na mesma semana). Torço pra que o culpado disso tudo seja o tal do inferno astral, já que meu aniversário está próximo. Mas sem querer esperar a mudança de idade pra ver o fim dessa onda de acontecimentos negativos, resolvi tomar meu destino em mãos e melhorar a situação imediatamente. Fazendo lasanha.

Às vezes tudo que você precisa é de um belo prato de lasanha pra esquecer a semana ruim e sentir alegria imediata. Não faço lasanha frequentemente. A verdade é que o reconforto em forma de massa e molho de tomate tem um preço: o prato é trabalhoso, demorado e deixa uma bagunça danada na cozinha. Quando penso em fazer lasanha, a imagem da pia coberta com panelas sujas acaba me fazendo desistir da idéia. Mas nas raras vezes em que resolvo ir em frente, me sento pra degustar o produto pronto e penso, com molho de tomate até as bochechas, que esse negócio é bom demais.  Anne então levanta a cara do seu pedaço e, com molho branco escorrendo pelo queixo, diz que eu devia fazer lasanha com mais frequencia. Isso, claro, até ela entrar na cozinha e descobrir que a pia se transformou em um Everest de louça suja. Bem, as lições a serem aprendidas aqui é que lasanha tem o poder de fazer seus problemas desaparecerem (momentaneamente) mas que isso vem com um preço (uma boa sessão de lavagem de prato).

Essa é a minha lasanha preferida, uma receita que criei alguns anos atrás e fui aperfeiçoando com o tempo. Fatias de beringela e abobrinha são grelhadas pra aumentar o sabor dos legumes, depois cobertas com espinafre, molho de tomate caseiro e um molho branco cremoso e perfumado com noz moscada. Tudo intercalado entre fatias de lasanha, que cozinham diretamente no molho e ganham um sabor ainda mais especial. Esse é o prato perfeito pra impressionar aquele comedor de carne que torce o nariz ao ouvir a palavra “vegetariano” e acha que vegano só come alface e broto de soja. Você precisa provar pra se convencer que é possível preparar um prato 100% vegetal, sem colesterol, com pouca gordura, cheio de fibras e nutrientes e absolutamente delicioso ao mesmo tempo. Como disse, é um prato que exige tempo, mas que vale a pena ser preparado de vez em quando. Afinal, você também merece lasanha.

 

Minha lasanha preferida (vegana)

 

Gosto de usar folhas de lasanha de espinafre (por isso na foto acima a massa é ligeiramente esverdeada), mas você pode escolher uma massa tradicional. No meu molho branco, uso creme de castanha de caju porque aqui não tem creme de soja, mas também porque acho mais interessante tanto do ponto de vista nitricional como gastronômico. Como sei que é mais prático usar um creme de soja pronto, adaptei a receita pra ser usada com esse ingrediente.

 

1 beringela média

2 abobrinhas médias

5-6 x de espinafre

8-10 folhas de lasanha (confira a lista de ingredientes na embalagem  pra ter certeza que não tem ovos)

azeite, sal e pimenta do reino

Molho de tomate

1 cebola grande picada

½ pimentão vermelho picado (opcional)

4 dentes de alho

4x de tomate picado

1cc de ervas desidratadas (uma mistura de alecrim, manjericão e orégano é ideal)

2cs de azeite

sal e pimenta do reino a gosto

Molho branco

½ cebola ralada

2 dentes de alho amassados

1cs de azeite

2 caixinhas de creme de soja (gosto do da Batavo)

1/3 cc de noz moscada (de preferência ralada na hora)

sal e pimenta do reino a gosto

 

Comece preparando os legumes grelhados. Corte a beringela ao meio no sentido vertical, depois corte cada metade em fatias de 2cm de espessura. Corte as abobrinhas em fatias de 1,5cm. Unte uma placa de fazer biscoitos (ou uma forma grande e rasa) com azeite e disponha os legumes em fatias. Regue com mais azeite (cuidado pra não exagerar), polvilhe sal e pimenta do reino e leve ao forno médio/alto até os legumes ficarem macio e caramelizados em alguns lugares (no meu forno 25 minutos são suficientes). Reserve.

Prepare o espinafre. Lave bem o espinafre e pique em pedaços pequenos. Aqueça um pouquinho de azeite em uma frigideira larga e despeje o espinafre picado. Mexa com uma colher de pau até as folhas murcharem um pouco e reduzirem de volume (não acrescente água). Não cozinhe demais o espinafre, lembre-se que ela continuará a cozinhar no forno. Desligue o fogo, tempere com sal a gosto e reserve.

Prepare o molho de tomate. Esquente o azeite e refogue a cebola até ficar transparente. Junte o pimentão vermelho, se estiver usando, e o alho e refogue mais dois minutos. Junte os tomates picados, uma boa pitada de sal e as ervas desidratadas. Cozinhe tampado, em fogo baixo, até os tomates se desintegrarem. Desligue o fogo, corrija o sal e junte uma pitada de piementa do reino. Quando o molho amornar, passe no liquidificador por alguns segundos, deixando uns pedaços de tomate inteiros. Verifique a quantidade de molho obtida. Você vai precisar de 600ml de molho de tomate pra fazer essa receita. Se tiver obtido um pouco menos, complete com água até atingir os 600ml (se tiver um pouco mais não tem problema). Isso também ajuda a afinar o molho. A massa não será cozinhada na água e sim no forno com os outros ingredientes,  por isso é importante que o molho não seja muito grosso. Reserve.

Faça o molho branco. Aqueça o azeite e refogue a cebola ralada e o alho amassado até ficar ligeiramente dourado. Junte o creme de soja, a noz moscada, um pitada de pimenta do reino e sal a gosto. Mexa bem e desligue o fogo. Reserve.

Aqueça o forno em temperatura média.

Monte a lasanha. Disponha os componentes (legumes, molho de tomate, molho branco e folhas de lasanha crua) sobre sua zona de trabalho (mesa ou bancada da pia), um ao lado do outro, pra facilitar a montagem. O ideal é usar uma travessa que meça em torno de 26cmx15cm. Vou dar as instruções pra montar a lasanha nessa travessa, se a sua for maior adapte as quantidades. Despeje um pouco de molho de tomate e de molho branco na travessa e espalhe cobrindo todo o fundo com uma camada fina de líquido. Disponha duas folhas de lasanha sobre o molho. Se necessário, quebre um pedaço da folha de lasanha pra que ela fique menor e caiba na forma (eu quebro 1/3 da folha-diminuindo o comprimento- e uso os pedaços quebrados pra cobrir os “buracos”). Cubra a massa com uma camada de molho de tomate e por cima disponha fatias de legumes grelhados e um pouco de espinafre cozido. Despeje colheradas do molho branco e repita a operação mais duas vezes, sempre nessa sequencia: folhas de lasanha, molho de tomate, legumes grelhados, espinafre e molho branco. Depois de colocar as últimas folhas de lasanha (eu uso 8 ao todo), as derradeiras camadas serão de molho de tomate e molho branco.  Cubra com uma folha de papel alumínio pra evitar que a lasanha resseque e asse até a massa ficar cozida. Espete com um garfo pra testar. Nos últimos 15 minutos, remova o papel alumínio pra lasanha gratinar ligeiramente. Tire do forno e deixe esfriar 5 minutos antes de servir. Serve 4.

Como esqueci de cobrir a travessa com papel alumínio, a última camada de molho evaporou e minha lasanha ficou um pouquinho ressecada em cima, como você pode ver na primeira foto.

lasanha

Essa foto, de uma lasanha que fiz tempos atrás na casa da minha amiga Cida em Londres, mostra como ela deveria ter ficado. Não lembro exatamente o que coloquei aqui, mas sei que tinha um molho de queijo vegano delicioso.

(Minha adorável esposa fotógrafa está me dizendo que essa foto não atinge o nível de qualidade do blog. Concordo plenamente com ela. Tirei a foto bem antes de ter começado a me interessar por fotografia e não estava tentando fazer uma foto bonita, só registrar o momento. Decidi publicar a foto aqui porque embora totalmente amadora, sempre que olho ela me dá água na boca.)

Fonte: http://papacapimveg.wordpress.com

  • Última atualização em .
  • Acessos 32557

Substituindo os ovos

ovosDá pra veganizar praticamente qualquer receita que você queira. E se a tal receita pedir ovos, aqui vão várias alternativas para o uso deles.
Deixe as pobres galinhas em paz, e faça comidinhas veganas deliciosas simplesmente substituindo os ovos.

Saiba mais sobre a crueldade escondida por de trás dos ovos

Dicas e truques para substituir ovos:

Muitos livros de receita veganos aqui nos EUA já se utilizam das formas mais populares de substituir ovos: usando uma marca chamada Ener-G pra assar bolos ou outros doces, ou usando tofu mexido em vez de ovos mexidos, e usando o próprio tofu no preparo de quiches ou tortas. Mas há muitas outras opções que podem inclusive funcionar melhor, dependendo da receita.

• 1 ovo = 2 colheres (sopa) de amido de batata (bom pra dar liga)

• 1 ovo = 1/4 (xícara) de ameixa seca amassada

• 1 ovo = 1/4 (xícara) de purê de maçã (ótimo pra sobremesas)

• 1 ovo = 1 banana amassada: também ótimo pra sobremesas, mas o produto final vai ter uma textura grossa. Adicione 1/2 colher (chá) de fermento pra obter uma textura mais fina

• 1 ovo = 2 colheres (sopa) de água + 1 colher (sopa) de azeite + 2 colheres (chá) de fermento

• 1 ovo = 1/4 (xícara) de purê de batatas: ótimo pra dar liga em certas receitas

• 1 ovo = 1 colher (sopa) de semente de linhaça em pó misturada a 3 colheres (sopa) de água (deixe em fogo baixo até quase ferver). Excelente adição de ômega 3 à sua receita.

• 1 clara de ovo = 1 colher (sopa) de ágar-ágar em pó dissolvida em 1 colher (sopa) de água: bata a mistura, deixe esfriar na geladeira e bata de novo.

Lembre-se de que é importante escolher o substituto apropriado pra cada prato. Ameixa seca amassada não vai funcionar numa "omelete", e purê de batatas não vai ficar legal num bolo. Pense na função que esse substituto do ovo vai ter no prato que você está criando: ele está ali pra dar liga ou pra fazer crescer? - e pense no sabor do seu prato. Depois de algumas tentativas, mesmo que algumas não dêem certo, você vai encontrar pelo menos uma maneira bem legal de substituir os ovos em praticamente qualquer prato. Experimente!

fonte: brazilnut-nyc.blogspot.com
um blog vegano brasileiro em nova york

  • Última atualização em .
  • Acessos 22254