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Alfa-amilase

Fontes de Alfa-amilase por Origem e Aplicação

A alfa-amilase é uma enzima amplamente utilizada para hidrolisar amido em açúcares menores (dextrinas, maltose, glicose). Ela possui importância significativa em biotecnologia, correspondendo a cerca de 25% do mercado enzimático mundial. Esta enzima é obtida de diferentes fontes naturais, incluindo animais, vegetais e microrganismos, embora as fontes microbianas (fungos e bactérias) atualmente predominem nas aplicações industriais devido à maior estabilidade e custo-benefício. A seguir, são apresentadas as principais fontes de alfa-amilase classificadas por origem (animal, vegetal, microbiana ou mineral), suas aplicações nos setores alimentício, industrial e farmacêutico/laboratorial, e a compatibilidade de cada fonte com dietas veganas.

Alfa-amilase de Origem Animal

As alfa-amilases de origem animal são produzidas por animais, destacando-se as amilases pancreáticas e salivares de mamíferos. Por exemplo, a enzima extraída do pâncreas de suínos (pancreatina) é uma fonte conhecida de alfa-amilase. Entretanto, no contexto industrial moderno seu uso é limitado, pois enzimas de fontes microbianas substituíram em grande parte as de origem animal pela maior eficiência e estabilidade destas últimas.

Aplicações Alimentícias (Origem Animal)

Historicamente, enzimas de origem animal tiveram uso modesto em alimentos. Em métodos tradicionais de fermentação, a amilase salivar humana chegou a ser empregada (por exemplo, mascando grãos para iniciar a fermentação de bebidas tradicionais) – uma prática empírica anterior ao desenvolvimento industrial. Contudo, na indústria alimentícia atual não é comum adicionar alfa-amilase de fonte animal no processamento de alimentos. Fontes vegetais e microbianas são preferidas para panificação e cervejaria. Portanto, não há aplicações alimentícias significativas de alfa-amilase animal nos processos modernos, exceto em estudos históricos ou casos artesanais isolados.

Compatibilidade com dietas veganas: Por derivar de tecidos animais (p.ex. pâncreas suíno), a alfa-amilase animal não é compatível com dietas veganas, já que envolve exploração e sacrifício de animais.

Aplicações Industriais (Origem Animal)

No passado, extratos animais foram explorados em alguns processos industriais. Por exemplo, registros históricos indicam que extratos pancreáticos de animais chegaram a ser utilizados no desengomagem têxtil (remoção de amido dos tecidos) antes do advento das enzimas microbianas. Da mesma forma, enzimas pancreáticas foram testadas em detergentes nas primeiras formulações enzimáticas do início do século XX. Contudo, já em meados do século XX, amilases de bactérias Bacillus substituíram essas fontes animais em aplicações como detergentes e têxteis, devido à maior estabilidade e menor custo de produção em larga escala. Atualmente, alfa-amilases de origem animal praticamente não são empregadas em detergentes nem em outros processos industriais, tendo sido suplantadas pelas fontes microbianas.

Compatibilidade com dietas veganas: Embora o uso industrial não envolva consumo alimentar direto, produtos industriais (como detergentes) com enzimas de fonte animal não seriam considerados veganos. De qualquer forma, tais usos são obsoletos; as preparações enzimáticas industriais modernas usam fontes vegetais ou microbianas, tornando-as livres de insumos animais.

Aplicações Farmacêuticas e Laboratoriais (Origem Animal)

Preparações de enzimas digestivas de origem animal ainda têm relevância farmacêutica. A pancreatina (extrato de pâncreas suíno contendo alfa-amilase, lipase e proteases) é empregada em terapias de reposição enzimática pancreática e em suplementos digestivos. Esses produtos auxiliam pacientes com insuficiência pancreática a digerir amido, gordura e proteína. Além disso, amilases pancreáticas são utilizadas como reagentes laboratoriais: por exemplo, em análises de alimentos (para simular digestão de amido em testes de fibra dietética) e em kits diagnósticos para medir atividade enzimática em amostras clínicas.

No campo industrial farmacêutico, a alfa-amilase também pode participar indiretamente da produção de insumos farmacêuticos. Por exemplo, processos fermentativos para produzir antibióticos e vitaminas utilizam amido como matéria-prima; enzimas amilolíticas (como alfa-amilase) de diferentes fontes são adicionadas para converter o amido em açúcares fermentescíveis. Tradicionalmente, fontes animais poderiam ser empregadas, mas hoje é mais comum o uso de amilases microbianas purificadas, garantindo alta pureza e ausência de contaminantes para usos clínicos.

Compatibilidade com dietas veganas: Medicamentos ou suplementos contendo pancreatina ou outras amilases animais não são veganos. Indivíduos veganos que necessitam de suplementos enzimáticos geralmente optam por produtos à base de enzimas fúngicas ou bacterianas, que oferecem a mesma função sem derivar de animais.

Alfa-amilase de Origem Vegetal

Fontes vegetais de alfa-amilase incluem principalmente cereais e outros vegetais ricos em amido. Plantas produzem alfa-amilase especialmente durante a germinação de sementes, para converter suas reservas de amido em açúcares simples. Um exemplo clássico é a cevada maltada: ao germinar grãos de cevada, ativa-se a produção de alfa-amilase e beta-amilase, enzimas responsáveis pela sacarificação do amido. Extratos de malte de cereais foram, de fato, a primeira fonte de alfa-amilase descoberta e aplicada industrialmente (em 1833, Anselme Payen isolou a “diastase” do malte). Além da cevada, outros grãos (como trigo e sorgo) e algumas raízes tuberosas possuem amilases naturais, embora o malte de cevada seja historicamente o mais utilizado.

Aplicações Alimentícias (Origem Vegetal)

No setor alimentício, as alfa-amilases vegetais têm um papel importante tradicionalmente. Na cervejaria e produção de bebidas fermentadas, o amido dos cereais é convertido em açúcares fermentáveis pelas amilases presentes no próprio malte. Em um processo típico de brassagem na fabricação de cerveja, o malte de cevada fornece alfa-amilase para quebrar o amido em maltose e dextrinas, que serão fermentadas pela levedura. Assim, a alfa-amilase de origem vegetal (malte) é indispensável na produção de cerveja convencional, sendo responsável pela geração do extrato fermentável.

Na panificação, as farinhas de trigo geralmente contêm uma pequena quantidade de alfa-amilase endógena (proveniente do grão) e muitas vezes são enriquecidas com farinha maltada ou extrato de malte para melhorar a atividade enzimática. Essa adição aumenta a produção de açúcares fermentáveis para o fermento, acelera a fermentação e melhora o volume e textura do pão. Além disso, açúcares extras derivados da ação da amilase vegetal contribuem para a coloração da crosta e sabor do pão. Embora atualmente sejam comuns as amilases fúngicas adicionadas à panificação, a fonte vegetal (malte de cevada ou trigo) ainda é empregada em melhoradores de farinha (diastáticos) para panificação comercial.

No caso de sucos e derivados de frutas, as alfa-amilases vegetais não são usualmente adicionadas, mas podem estar naturalmente presentes em algumas frutas amiláceas. Entretanto, para clarificação de sucos que contenham amido residual (por exemplo, suco de maçã de frutos menos maduros), costuma-se empregar enzimas exógenas de fontes microbianas. As enzimas vegetais, por terem atividade ótima em pH neutro, não atuariam tão bem no meio ácido dos sucos; assim, essa aplicação recai mais sobre amilases microbianas acidófilas. Em suma, nas aplicações alimentícias tradicionais (cervejas e pães), a origem vegetal (malte de cereais) desempenha papel central há séculos, embora modernamente conviva com enzimas de origem fúngica/bacteriana para otimização dos processos.

Compatibilidade com dietas veganas: Alfa-amilases extraídas de plantas são compatíveis com dietas veganas, pois derivam de vegetais e não envolvem exploração animal. O uso de malte de cereais, por exemplo, é plenamente aceito no veganismo.

Aplicações Industriais (Origem Vegetal)

Historicamente, as enzimas de origem vegetal tiveram uso pioneiro em algumas indústrias. No setor têxtil, por exemplo, o extrato de malte (rico em alfa-amilase de cereais germinados) foi utilizado já no final do século XIX para desengomar tecidos, removendo o amido usado como goma nos fios. A amilase vegetal hidrolisava seletivamente o amido das malhas sem danificar as fibras de celulose, o que representou um avanço em relação aos métodos químicos agressivos da época. Esse processo enzimático à base de malte foi um precursor das biotecnologias industriais. Entretanto, com o desenvolvimento da fermentação microbiana, as amilases vegetais foram gradualmente substituídas por amilases bacterianas, mais estáveis e eficientes. Hoje, detergentes enzimáticos e formulações de desengomagem têxtil empregam quase exclusivamente amilases de origem microbiana, pela facilidade de produção em grande escala e adaptabilidade a diferentes pH/temperaturas.

Outro campo industrial de possível uso vegetal seria a produção de xaropes de amido ou glicose, em que extratos de cereais maltados poderiam converter amido em açúcares. De fato, no passado utilizavam-se cereais maltados para sacarificação em fábricas de glucose. Atualmente, porém, essas indústrias utilizam cepas microbianas que produzem alfa-amilases termoestáveis para a liquefação do amido, tornando o processo mais econômico e eficaz.

Em resumo, embora a alfa-amilase vegetal tenha sido crucial nos primórdios de aplicações como desengomagem e sacarificação, nas indústrias modernas seu uso é residual. Ela foi amplamente suplantada por fontes microbianas, restando principalmente em processos artesanais ou tradicionais.

Compatibilidade com dietas veganas: Insumos industriais baseados em enzimas vegetais são veganos, pois não derivam de animais. No contexto atual, porém, esses insumos quase não são utilizados isoladamente, sendo comuns enzimas microbianas (também veganas) nas aplicações industriais.

Aplicações Farmacêuticas e Laboratoriais (Origem Vegetal)

Não há aplicações farmacêuticas relevantes que utilizem diretamente alfa-amilases extraídas de plantas. Em teoria, poder-se-ia empregar amilase de cereais em suplementos digestivos, mas na prática as alternativas microbianas dominam devido à maior atividade específica e facilidade de purificação.

Nos laboratórios, a alfa-amilase vegetal também não é uma escolha comum como reagente isolado. Em análises bioquímicas ou de alimentos, prefere-se utilizar preparações padronizadas de amilase bacteriana ou pancreática (dependendo do objetivo) em vez de extratos vegetais crus, que teriam pureza e potência inferiores.

Assim, o papel das fontes vegetais restringe-se mais ao âmbito alimentício tradicional e histórico. Para aplicações que exigem alta pureza ou atividades bem definidas (como fármacos e análises laboratoriais), recorre-se a enzimas de origem fúngica, bacteriana ou à pancreática purificada.

Compatibilidade com dietas veganas: Qualquer uso hipotético de alfa-amilase vegetal em produtos farmacêuticos seria compatível com o veganismo. Entretanto, como mencionado, tais usos não são comuns na prática atual.

Alfa-amilase de Origem Microbiana

As fontes microbianas englobam uma variedade de bactérias e fungos capazes de produzir alfa-amilase. Enzimas provenientes de microrganismos tornaram-se predominantes na indústria por diversas vantagens: podem ser produzidas em larga escala via fermentação, têm propriedades adequadas (termoestabilidade, atividade em amplo espectro de pH) e sua produção é mais econômica e facilmente otimizada. Dentre os bactérias, espécies do gênero Bacillus são as mais empregadas (por exemplo, B. subtilis, B. licheniformis, B. amyloliquefaciens), produzindo amilases termoestáveis ideais para processos severos. Já entre os fungos, destacam-se os bolores filamentosos como Aspergillus oryzae e Aspergillus niger, tradicionalmente usados para obter amilases denominadas “fungo diastásico” em alimentos e fármacos. Desde o final do século XX, as alfa-amilases microbianas praticamente substituíram as fontes vegetais e animais em quase todas as aplicações industriais.

Aplicações Alimentícias (Origem Microbiana)

No setor alimentício, as alfa-amilases microbianas são amplamente utilizadas como aditivos ou auxiliares de processo. Na indústria de panificação, enzimas de origem fúngica (e.g. de A. oryzae) são adicionadas às massas para degradar parte do amido da farinha em açúcares fermentáveis. Isso acelera a fermentação pela levedura, melhora a textura da massa e contribui para a coloração e sabor do pão assado. Uma vantagem adicional é o efeito antienstaling: certas alfa-amilases fúngicas e bacterianas (p. ex. uma maltogênica de Bacillus stearothermophilus) geram dextrinas que retardam o endurecimento do miolo, prolongando a maciez e shelf-life de pães e bolos. Atualmente, enzimas termoestáveis de bacilos estão disponíveis comercialmente para panificação, dada sua eficácia na melhoria da qualidade do pão.

Na cervejaria e outras fermentações, além das amilases do malte, utiliza-se alfa-amilase microbiana em certos casos. Por exemplo, em cervejas de baixo carboidrato ou “dry beer”, é adicionada uma alfa-amilase bacteriana ou fúngica para converter dextrinas restantes em açúcares fermentáveis, aumentando a atenuação. Também na produção de álcool combustível (etanol) a partir de grãos, uma etapa inicial emprega alfa-amilases bacterianas termoestáveis (de Bacillus licheniformis ou enzimas recombinantes) para liquefazer o amido antes da sacarificação completa. Já em processos tradicionais orientais (como saquê e outras fermentações “koji”), fungos como Aspergillus geram amilases que sacarificam arroz ou outros cereais, ilustrando o uso alimentar ancestral de fontes microbianas.

Na produção de sucos e derivados de frutas, enzimas microbianas desempenham papel importante na clarificação. Sucos como os de maçã ou pêra podem conter amido residual que torna a bebida turva; a adição de alfa-amilase (geralmente de origem bacteriana, como B. licheniformis) ajuda a degradar o amido, prevenindo turbidez e sedimentação nos produtos engarrafados. Combinada a pectinases e celulases, a alfa-amilase microbiana auxilia na obtenção de sucos claros e estáveis, aumentando o rendimento de extração e a filtrabilidade. Assim, seja na panificação, cervejaria ou fabricação de sucos, as amilases de fungos e bactérias são onipresentes pela eficiência que conferem aos processos alimentícios modernos.

Compatibilidade com dietas veganas: As alfa-amilases de origem microbiana são compatíveis com dietas veganas. Embora produzidas por microorganismos (que não são classificados como animais no contexto dietético), não há uso de matérias-primas de origem animal em sua obtenção e não ocorre exploração animal no processo. Produtos alimentícios que utilizam enzimas microbianas podem ser considerados veganos, desde que todos os demais ingredientes também o sejam.

Aplicações Industriais (Origem Microbiana)

As aplicações industriais representam o maior campo de uso das alfa-amilases microbianas. Destaca-se primeiramente a indústria de detergentes: detergentes em pó e líquidos para lavanderia e lava-louças frequentemente contêm amilases para remoção de manchas de amido/alimentos. Estima-se que 90% de todos os detergentes líquidos no mercado mundial contenham enzimas como a alfa-amilase em suas fórmulas. Essas enzimas (provenientes principalmente de Bacillus spp. ou Aspergillus spp.) decompõem resíduos de amidos de alimentos presos em tecidos ou louças (molho, chocolate, papas etc.), facilitando sua remoção. As amilases para detergentes são desenvolvidas para atuar em ampla faixa de temperatura, inclusive em lavagens mornas ou frias, e em pH alcalino presente nos sabões. Além disso, precisam tolerar agentes oxidantes dos detergentes modernos. Enzimas como a Termamyl® (amilase termoestável de Bacillus) ou Fungamyl® (amilase fúngica) são exemplos comerciais empregadas em detergentes. O uso de amilases microbianas torna os detergentes mais eficazes contra manchas e mais ecológicos, por permitir menor temperatura de lavagem e biodegradabilidade dos componentes.

Na indústria têxtil, as amilases microbianas são essenciais no processo de desengomagem de tecidos. Após a tecelagem, os tecidos apresentam uma goma de amido aplicada aos fios (o “tamanho”) que deve ser removida antes da etapa de acabamento. As alfa-amilases, especialmente de Bacillus, são usadas para hidrolisar esse amido nas etapas de lavagem da manufatura têxtil. Desde pelo menos o início do século XX, amilases de Bacillus subtilis vêm sendo empregadas para desengomagem, substituindo gradualmente os extratos de malte e pancreáticos usados anteriormente. As enzimas microbianas removem o amido de forma seletiva, sem atacar as fibras de celulose do tecido, preservando sua integridade. Isso torna o processo muito mais controlado e eficiente comparado a tratamentos químicos. A longevidade desse uso é evidenciada pelo fato de cepas de Bacillus terem sido aplicadas “por muito tempo” nas indústrias têxteis, e continuam sendo a fonte preferencial, com formulações enzimáticas adaptadas a diferentes temperaturas (amilases de ação a frio ou a alta temperatura conforme o processo demandar).

Outras indústrias também utilizam alfa-amilases microbianas. Na produção de papel, amilases de Bacillus/Aspergillus são empregadas para pré-tratamento de amidos usados no revestimento do papel, reduzindo sua viscosidade e melhorando a qualidade de couché (papéis revestidos). Na indústria de biocombustíveis, conforme mencionado, amilases bacterianas iniciam a hidrólise do amido em usinas de etanol antes da fermentação. Ainda, na produção de rações animais, adiciona-se por vezes amilases microbianas para pré-digerir componentes amiláceos, melhorando o valor nutritivo de rações de certos animais monogástricos. Em suma, as fontes microbianas suprem praticamente todas as demandas industriais atuais por alfa-amilase, graças à disponibilidade de cepas otimizadas para cada aplicação (termoestáveis para altas temperaturas, alcalinas para detergentes, acidófilas para sucos, etc.).

Compatibilidade com dietas veganas: As enzimas de origem microbiana, empregadas nos produtos industriais, não envolvem ingredientes de origem animal. Assim, produtos de consumo, como detergentes ou tecidos, não violam princípios veganos por conter amilases microbianas (a consideração vegana aqui é mais relevante em alimentos e fármacos consumíveis; no caso de detergentes, trata-se de não explorar animais no processo de fabricação).

Aplicações Farmacêuticas e Laboratoriais (Origem Microbiana)

Na esfera farmacêutica e de biotecnologia, as alfa-amilases microbianas vêm ganhando espaço devido à possibilidade de obtenção de enzimas altamente puras e específicas. Com técnicas modernas, cepas microbianas podem ser modificadas para produzir enzimas recombinantes (por exemplo, alfa-amilase humana recombinante para fins diagnósticos), evitando-se assim o uso de órgãos animais. Atualmente, preparações de “diastase fúngica” (amilase de Aspergillus) são encontradas em certos medicamentos e suplementos dietéticos como auxiliares digestivos veganos, substituindo a pancreatina de porco. Essas amilases fúngicas atuam no intervalo de pH do estômago e intestino humano, auxiliando na digestão de amidos de forma eficaz e ética (sem uso de animais).

Em laboratório clínico, a medição da atividade de alfa-amilase no soro é um teste para diagnóstico de pancreatite e outras condições – mas isso se refere à enzima presente no corpo humano, não a um insumo industrial. Por outro lado, em pesquisa e desenvolvimento, amilases microbianas purificadas são usadas como ferramentas: por exemplo, em biologia molecular, amilases servem como controles positivos de reação ou para remover amido de extratos vegetais em protocolos específicos.

Vale ressaltar que a elevada pureza alcançada pelas enzimas microbianas modernas possibilita seu uso em setores farmacêuticos sensíveis. Estudos destacam que apenas algumas linhagens selecionadas de fungos e bactérias atendem aos rigorosos critérios de produção comercial (segurança, produtividade), e o desenvolvimento de métodos de purificação nas últimas décadas permitiu obter amilases de grau farmacêutico e clínico. Isso abriu caminho para aplicações como componentes de kits diagnósticos, ingredientes em formulações de fármacos e outras utilizações laboratoriais especializadas, sem recorrer a fontes animais.

Compatibilidade com dietas veganas: As alfa-amilases microbianas empregadas em medicamentos ou suplementos são compatíveis com o veganismo, desde que todo o processo de produção não envolva insumos de origem animal. Em geral, enzimas provenientes de fermentação microbiana (mesmo que por organismos geneticamente modificados) são consideradas aceitáveis para veganos, por não derivarem nem causarem sofrimento a animais.

Alfa-amilase de Origem Mineral

Enzimas são, por definição, moléculas orgânicas produzidas por seres vivos. Portanto, não existem fontes minerais de alfa-amilase – ou seja, não se obtém essa enzima diretamente de minerais ou compostos inorgânicos na natureza. Todas as alfa-amilases utilizadas comercialmente provêm de um organismo (animal, planta ou microorganismo) ou são produzidas sinteticamente através de biotecnologia (que em última instância envolve genes de origem biológica expressos em hospedeiros microbianos). A classificação “mineral” é, neste contexto, apenas teórica e não se aplica a nenhuma preparação enzimática real de alfa-amilase.

Do ponto de vista de aplicação, não há uso alimentício, industrial ou farmacêutico para uma hipotética “amilase mineral”. Qualquer enzima utilizada nesses setores é obtida por meios biológicos. Por exemplo, mesmo que se fale em enzimas “sintéticas”, isso se refere a enzimas produzidas por microrganismos modificados ou obtidas por engenharia em laboratório, não extraídas de minerais.

Compatibilidade com dietas veganas: Se considerarmos a origem mineral estritamente, não há produto para avaliar. Porém, no sentido de “não envolver animais”, todas as enzimas que não provêm de animais (ou seja, vegetais ou microbianas) podem ser vistas como análogas à origem mineral em termos de veganismo, pois não advêm de exploração animal. Em resumo, qualquer alfa-amilase não derivada de animais é compatível com dietas veganas. No caso específico, fontes vegetais, microbianas (ou eventuais métodos sintéticos) atendem a esse critério, enquanto a origem animal não.

Referências:

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  • Wikipedia. Amylase – Uses in brewing and breadmaking. (Acesso em 2025)

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