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Aminoácidos (Amino Acids.)

Aminoácidos em Cosméticos: Funções, Origens e Considerações Veganas

Papel dos Aminoácidos em Cosméticos

Os aminoácidos são os blocos fundamentais das proteínas presentes na pele e no cabelo – como colágeno, elastina e queratina – e por isso desempenham um papel importante em muitos cosméticos. Sua presença em formulações de shampoos, condicionadores, cremes hidratantes e produtos antienvelhecimento traz diversos benefícios tanto para os fios quanto para a pele:

  • Hidratação e retenção de umidade: Aminoácidos ajudam a manter a pele e o cabelo hidratados, pois atraem e retêm água. Eles fazem parte do Fator Natural de Hidratação (NMF) da pele e atuam como “condutores” de água nas camadas epidérmicas. Na pele, aminoácidos como serina, alanina e glicina contribuem para reter a umidade na camada córnea, melhorando a hidratação profunda e a resiliência cutânea. No cabelo, aminoácidos presentes nas cutículas ajudam a reter água; quando se perde esses componentes, os fios ficam opacos e secos. A reposição de certos aminoácidos em shampoos e máscaras capilares restaura a retenção hídrica, deixando os fios menos sujeitos ao ressecamento e quebra.

  • Reparação e fortalecimento da fibra capilar: Nos cabelos danificados por química, calor ou poluição, ocorre perda de proteínas e aminoácidos, enfraquecendo a fibra. Aminoácidos em tratamentos capilares penetram na estrutura interna do fio, preenchendo áreas fragilizadas e reconstruindo a queratina perdida. Isso fortalece e aumenta a elasticidade do cabelo, tornando-o mais resistente à quebra. Além disso, aminoácidos ajudam a selar as cutículas capilares, resultando em fios mais alinhados, brilhantes e macios, ao mesmo tempo em que protegem contra novos danos externos. Por exemplo, a cisteína – aminoácido abundante na queratina – promove crescimento saudável dos fios e sua reposição deixa o cabelo mais nutrido, sedoso e disciplinado, com redução de frizz e aumento de brilho.

  • Proteção da barreira cutânea e efeito calmante: Na pele, os aminoácidos contribuem para reparar a barreira protetora. Eles acalmam inflamações, auxiliam na cicatrização e restauram a integridade da epiderme quando danificada por ressecamento ou agressões ambientais. Ao reforçar a barreira e aumentar a hidratação, diminuem irritações e vermelhidão, sendo ingredientes bem tolerados até por peles sensíveis. Formulações enriquecidas com aminoácidos tendem a ser hipoalergênicas e suaves; por exemplo, limpadores faciais e sabonetes à base de derivados aminoacídicos limpam sem remover em excesso a camada protetora, mantendo o pH cutâneo equilibrado e evitando o aspecto áspero causado pelos sabões comuns.

  • Antienvelhecimento e regeneração: Por serem os “tijolos” que constroem proteínas estruturais, os aminoácidos são aliados em produtos anti-idade. Eles estimulam a síntese de colágeno e elastina pelos fibroblastos da pele, ajudando a suavizar linhas finas e rugas e a melhorar a firmeza e elasticidade cutâneas. Alguns aminoácidos também atuam como antioxidantes que combatem radicais livres e protegem contra danos do UV, contribuindo para prevenir o envelhecimento precoce. Em síntese, esses ingredientes dão à pele os “nutrientes” necessários para se reparar e regenerar: além de estimular novas fibras de colágeno, auxiliam na produção de peptídeos sinalizadores que aceleram a renovação celular e até a função de células-tronco na derme. O resultado é uma pele de aparência mais lisa, elástica e viçosa, com melhor tonalidade e textura.

Devido a esses benefícios, muitos cosméticos destacam em seus rótulos a presença de aminoácidos em suas fórmulas. É comum encontrá-los em hidratantes, loções corporais, séruns faciais, cremes antirrugas e tônicos, visando potencializar a retenção de água e a elasticidade da pele. Já em produtos capilares – shampoos, condicionadores, máscaras reconstrutoras e leave-ins – os aminoácidos auxiliam na reparação dos fios danificados e manutenção da hidratação, resultando em cabelos mais fortes e sedosos. Em suma, os aminoácidos adicionados nos cosméticos atuam de forma multifuncional: hidratam, reparam, protegem e rejuvenescem, seja na pele ou no cabelo.

Origens dos Aminoácidos em Cosméticos

Os aminoácidos utilizados na indústria cosmética podem ter origens diversas: animal, vegetal ou sintética. Por se tratarem de moléculas químicas definidas, muitas vezes é impossível discernir pelo nome do ingrediente qual é sua procedência. A mesma substância (por exemplo, glicina ou arginina) pode ser obtida a partir de proteínas animais, de fontes vegetais ou produzida em laboratório. A seguir, explicamos cada origem e como esses aminoácidos são obtidos:

Origem Animal

Historicamente, aminoácidos e proteínas hidrolisadas de fonte animal foram muito usados em cosméticos. Isso inclui derivados de tecidos animais como:

  • Colágeno animal – extraído de cartilagens, pele e ossos de gado (bois) ou de pescados (colágeno marinho). O colágeno hidrolisado fornece uma mistura de aminoácidos (principalmente glicina, prolina, hidroxiprolina, alanina, etc.) que são utilizados em produtos para firmar e hidratar a pele e cabelos. Ingredientes listados como “Collagen Amino Acids” ou “Hydrolyzed Collagen” tipicamente derivam de colágeno bovino ou de peixes, a menos que indicado como fonte vegetal ou bio-sintética.

  • Queratina animal – proteína estrutural obtida de pelos, lã, chifres e penas. A queratina hidrolisada (por exemplo, de lã de ovelha) libera vários aminoácidos (cistina/cisteína, glicina, arginina, etc.) usados em produtos para fortalecer os fios e tratar cabelos danificados. Sem indicação em contrário, “Hydrolyzed Keratin” ou simplesmente queratina refere-se à origem animal.

  • Seda (fibroína/sericina) – proteínas do casulo do bicho-da-seda (lagartas Bombyx mori). Aminoácidos da seda são obtidos ao hidrolisar fibroína, resultando em pequenas proteínas e aminoácidos solúveis. São valorizados por conferir toque sedoso e formar filme protetor na pele e cabelos. No entanto, por derivarem da criação e uso de insetos (com morte do casulo), silk amino acids não são veganos.

  • Proteínas do leite e ovos – ingredientes como albumina (clara de ovo) e caseína (do leite) também fornecem aminoácidos. Por exemplo, a tirosina – aminoácido relacionado à produção de melanina – pode ser isolada da caseína do leite. Assim, se um rótulo mencionar “casein” (caseína) ou “ovoalbumina”, trata-se de origem animal.

  • Outros derivados: a elastina hidrolisada (fibra elástica obtida da derme de animais marinhos ou bovinos), a gelatina (colágeno parcialmente hidrolisado de origem bovina/suina) e até aminoácidos específicos como L-cisteína, que historicamente era extraída de pelos, unhas ou penas, são exemplos de fontes animais utilizadas. De fato, a cisteína pode ser obtida ao hidrolisar queratina de cabelo ou penas – processo outrora comum na fabricação de certos produtos de cabelo e até em panificação.

Essas origens animais fornecem aminoácidos com eficácia cosmética, porém apresentam desvantagens éticas e de sustentabilidade. Para a comunidade vegana, é importante reconhecer termos como collagen, keratin, silk ou milk protein no rótulo – geralmente indicativos de procedência animal. Felizmente, existem alternativas vegetais e sintéticas para praticamente todos esses insumos.

Origem Vegetal

A origem vegetal abrange aminoácidos obtidos de matérias-primas de origem vegetal, seja por extração direta ou biotecnologia. As principais formas são:

  • Hidrólise de proteínas vegetais: Proteínas de plantas como soja, trigo, arroz, milho, amêndoa e outras podem ser hidrolisadas (quebradas) em menores fragmentos peptídicos e aminoácidos. Por exemplo, a chamada “queratina vegetal” geralmente é produzida a partir de uma combinação de proteínas de soja, trigo e arroz, formulada para simular a composição da queratina animal. Esses aminoácidos vegetais atuam de forma semelhante aos de origem animal, ajudando a fortalecer cabelo e hidratar a pele, mas com apelo vegano e natural. Keratina Vegetal, por exemplo, é apresentada como alternativa 100% de origem vegetal em substituição à queratina animal. Do mesmo modo, encontramos em produtos veganos ingredientes como “Hydrolyzed Soy Protein” (proteína de soja hidrolisada) ou “Wheat Amino Acids” (aminoácidos do trigo), que cumprem função condicionante e hidratante semelhante às versões animais (como seda ou colágeno), porém extraídos de plantas.

  • Fermentação a partir de fontes vegetais: Muitos aminoácidos puros (isolados) usados industrialmente são produzidos via fermentação microbiana, utilizando carboidratos vegetais como substrato (por exemplo, glicose de melaço de cana ou amido de milho). Neste processo, bactérias ou leveduras especialmente cultivadas sintetizam aminoácidos que depois são purificados. Embora seja um método biotecnológico “de laboratório”, a fonte de carbono e nitrogênio costuma ser vegetal (açúcares, extratos vegetais), e nenhum animal é envolvido no processo. Aminoácidos como lisina, treonina e valina, por exemplo, são fabricados em larga escala por fermentação para uso em suplementos alimentares e podem ser aproveitados em cosméticos. Já aminoácidos simples como glicina e alanina podem ser obtidos por síntese química orgânica partindo de derivados vegetais ou petroquímicos. Em ambos os casos, o produto final é quimicamente idêntico ao aminoácido presente na natureza.

Do ponto de vista do rótulo, um aminoácido de origem vegetal muitas vezes não se distingue de um de origem animal – a menos que o fabricante especifique (por exemplo, "vegetable glycine" não é um termo padronizado). Assim, empresas veganas costumam destacar a fonte vegetal em material informativo ou buscar certificações, abordadas adiante. Vale ressaltar que a origem vegetal permite apelos de sustentabilidade e naturalidade na formulação, o que tem incentivado seu uso.

Origem Sintética ou Biotecnológica

Chamamos aqui de origem sintética os aminoácidos obtidos por meios industriais não diretamente vinculados à extração de organismos. Isso engloba tanto a síntese química clássica quanto os métodos modernos de biotecnologia (fermentação microbiana e engenharia genética), muitas vezes sobrepostos à categoria anterior. As características dessa origem são:

  • Pureza e desempenho: Aminoácidos sintéticos são produzidos em alta pureza e controle de qualidade. Estudos indicam que aminoácidos fabricados em laboratório frequentemente apresentam maior capacidade de hidratação na pele do que aqueles extraídos de fontes animais ou vegetais. Isso se deve à possibilidade de otimizar concentração e forma do ingrediente ativo em formulações cosméticas. Ou seja, em vez de depender de um colágeno hidrolisado (mistura complexa) de origem animal, pode-se usar aminoácidos específicos sintetizados de forma isolada, obtendo efeito hidratante superior com menor potencial de reação adversa.

  • Ausência de crueldade e recursos animais: Por definição, nenhum animal é explorado na obtenção de aminoácidos sintéticos, o que os torna adequados para veganos. Por exemplo, atualmente grande parte da L-cisteína disponível comercialmente é produzida por fermentação bacteriana a partir de fontes vegetais, abolindo a antiga prática de extraí-la de cabelos/penas. Da mesma forma, a taurina (um aminoácido não proteico usado em alguns tônicos capilares e loções) é sintetizada industrialmente – seu nome vem de Taurus (boi) pois foi isolada originalmente de bile bovina, mas hoje é fabricada sem uso de animais.

  • Biotecnologia avançada: Novas técnicas permitem até produzir proteínas complexas como colágeno vegano por via fermentativa, usando micro-organismos geneticamente programados para gerar moléculas similares ao colágeno humano ou animal, porém sem envolver pecuária ou pesca. Esses colágenos “de laboratório” já começam a aparecer em cosméticos premium como alternativas éticas e seguras. Embora custem mais caro, ilustram o potencial da tecnologia em fornecer ingredientes antes exclusivos de origem animal.

Em suma, a categoria sintética/biotecnológica se confunde parcialmente com a vegetal, mas caracteriza-se por originar aminoácidos “idênticos aos naturais” de forma controlada, geralmente com menor impacto ambiental e nenhuma crueldade envolvida. Para o consumidor vegano, a boa notícia é que praticamente todos os aminoácidos usados em cosméticos podem ser obtidos por fontes não animais, seja via plantas ou síntese. O desafio passa a ser identificar essa origem nos produtos, tema que abordaremos a seguir.

Aminoácidos Comuns em Formulações Cosméticas (Funções e Origens)

A tabela a seguir apresenta alguns aminoácidos frequentemente encontrados em cosméticos, indicando suas principais funções nessas formulações e as fontes de obtenção típicas (animal, vegetal ou sintética):

AminoácidoFunção nos CosméticosOrigem Típica
Arginina Reparação de tecidos e cicatrização; estimula a síntese de colágeno, melhorando firmeza e elasticidade da pele; ação antioxidante e fotoprotetora (ajuda contra danos UV). Nos cabelos, fortalece a fibra e pode auxiliar no crescimento capilar. Fermentação microbiana (ex.: fermentação de açúcar de cana) sem uso animal. Antigamente podia ser obtida de gelatina (colágeno animal hidrolisado), mas hoje é majoritariamente vegetal/sintética.
Glicina Importante fator de hidratação da pele (componente do NMF) – retém água e regula a umidade da epiderme. É o aminoácido mais abundante no colágeno, contribuindo para firmeza e resistência da pele. Possui propriedades calmantes/anti-inflamatórias. Em cabelos, promove maciez. Sintética (pode ser produzida quimicamente a partir de derivados vegetais, pois é um aminoácido simples). Também presente em proteínas animais (colágeno da gelatina é ~1/3 glicina). Versões cosméticas costumam ser de grau sintético ou fermentativo (vegano).
Lisina Aminoácido essencial para formação de colágeno – melhora a elasticidade e firmeza da pele. Propriedade umectante, ajudando na hidratação e nutrição cutânea. Auxilia na regeneração tecidual. Usado em cremes anti-idade e hidratantes. Fermentação industrial de origem vegetal (milho, beterraba). Alternativamente pode derivar de proteínas animais ricas em lisina (por ex. caseína do leite), porém a rota bio-sintética é prevalente e livre de crueldade.
Treonina Contribui para a síntese de colágeno e elastina, deixando a pele mais firme e elástica. Ajuda a reduzir linhas de expressão e retardar o envelhecimento cutâneo. Acelera a cicatrização e reforça a barreira de proteção da pele. Indicada em cosméticos anti-idade e produtos para cabelos quebradiços ou com frizz. Fermentação microbiana (método amplamente usado para L-treonina em suplementos alimentares, portanto disponível para uso cosmético vegano). Também presente em proteínas vegetais (ex.: soja) – hidrolisados de soja ou trigo fornecem treonina.
Prolina Componente chave do colágeno (junto com hidroxiprolina), ajuda a diminuir rugas e linhas finas ao apoiar a estrutura da pele. Melhora a textura e firmeza cutâneas. Em cabelos, contribui para resistência à tração e retenção hídrica. Principalmente produzida por fermentação ou hidrólise de fontes vegetais. A prolina pode ser obtida de hidrolisado de colágeno animal, mas alternativas veganas (fermentação de glicose, por exemplo) fornecem L-prolina de forma comum na indústria, evitando origem bovina.
Cisteína Aminoácido contendo enxofre, crucial para a estrutura capilar – forma ligações dissulfeto (pontes de enxofre) que dão força e formato aos fios (via cistina na queratina). Utilizado em tratamentos de alisamento e reconstrutores, devido à capacidade de alinhar e reestruturar a fibra capilar (reduz volume e frizz). Na pele, participa da síntese de colágeno e atua como antioxidante suave (protege contra radicais livres). Atualmente sintética/fermentativa (muitas fabricantes produzem L-cisteína vegana via fermentação bacteriana, sem necessidade de cabelos ou penas). No passado, era extraída de cabelos, pelos ou penas de animais – método hoje em desuso nas principais indústrias cosméticas e alimentícias.
Tirosina Precursora da melanina (pigmento da pele e cabelo), é usada em alguns cosméticos para estimular pigmentação ou em produtos autobronzeadores. Tem função antioxidante e pode auxiliar na proteção da pele contra estresse oxidativo. Em cuidados anti-idade, participa da produção de proteínas estruturais. Sintética ou de fonte vegetal. A tirosina pode ser produzida por fermentação de microrganismos ou síntese química. Cuidado: quando de origem animal, costuma vir da caseína do leite (via hidrólise), portanto não vegana. Produtos veganos utilizam L-tirosina sintética (não há diferença funcional).
Taurina Aminoácido não incorporado em proteínas (livre), com alto poder hidratante e efeito protetor. Ajuda a reter água na pele, contribuindo para uma pele mais macia e hidratada. Também oferece propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, protegendo células cutâneas do estresse. Estimula a produção de colágeno, o que pode melhorar a elasticidade da pele. No cabelo, a taurina aparece em tônicos e shampoos fortalecedores (atua no metabolismo do folículo). Sintética (praticamente 100% da taurina do mercado é produzida quimicamente a partir de reagentes inorgânicos; nenhum componente animal envolvido). Embora originalmente isolada de órgãos animais, hoje a taurina é vegana por fabricação.

Observação: Além dos aminoácidos isolados acima, muitos produtos utilizam misturas de aminoácidos ou peptídeos hidrolisados. Por exemplo, “aminoácidos da seda”, “aminoácidos do trigo” ou “proteína de soja hidrolisada” podem constar no rótulo – nestes casos, tratam-se de combinações de vários aminoácidos obtidos das fontes mencionadas (seda = origem animal; trigo/soja = origem vegetal). As funções geralmente correspondem à soma dos benefícios de seus aminoácidos constituintes (hidratação, condicionamento, reparo). Para o consumidor vegano, é importante notar a fonte declarada nessas denominações.

Considerações para a Comunidade Vegana

Para quem adota o veganismo e deseja evitar ingredientes de origem animal nos cosméticos, seguem algumas orientações importantes sobre aminoácidos:

  • Identifique possíveis origens pelo nome do ingrediente: Nem sempre é trivial, mas certos termos sinalizam origem animal. Fique atento a palavras como collagen (colágeno), elastin (elastina), keratin (queratina) sem qualificadores, pois usualmente derivam de animais. Ingredientes como silk amino acids (aminoácidos da seda), hydrolyzed silk (seda hidrolisada) ou milk protein (proteína do leite) são de origem animal e devem ser evitados por veganos. Já nomes que mencionam fontes vegetais, como wheat amino acids (aminoácidos do trigo), soy protein (proteína da soja) ou vegetable keratin (queratina vegetal), indicam origem não animal. Entretanto, muitos aminoácidos aparecerão apenas pelo nome químico (ex: glycine, arginine, alanine) sem detalhe de procedência. Nesses casos, não há como saber apenas pelo rótulo se o insumo veio de fonte animal ou não. A dica é procurar informações adicionais do fabricante ou preferir produtos explicitamente veganos/certificados.

  • Ler além da embalagem – busque detalhes do fabricante: Marcas preocupadas com o público vegano geralmente informam a origem de ingredientes-chave em seu site ou SAC. Por exemplo, podem mencionar que utilizam apenas aminoácidos de fonte vegetal ou fermentativa. Se um produto estampa “100% vegano” ou similares, isso implica que nenhum ingrediente, incluindo aminoácidos, é de origem animal. Em caso de dúvida sobre um componente específico, vale consultar listas públicas de ingredientes de origem animal (como guias veganos online) ou contatar o fabricante para esclarecimento. A organização brasileira MapaVeg, por exemplo, mantém um índice extensivo indicando a origem provável de diversos ingredientes cosméticos e alimentícios, incluindo aminoácidos comuns.

  • Certificações veganas facilitam a identificação: Procurar por selos e certificados veganos nos rótulos é uma maneira eficaz de garantir que o cosmético atenda aos critérios do veganismo. No Brasil, destaca-se o Selo Vegano da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), criado em 2013, que é concedido a produtos que não contêm ingredientes de origem animal e não são testados em animais. Esse selo envolve auditoria de todos os ingredientes e fornecedores, assegurando ao consumidor que até aminoácidos e outros insumos normalmente ambíguos são de fonte vegetal ou sintética. Em nível internacional, o selo da The Vegan Society (Reino Unido) é amplamente reconhecido – ele comprova que o produto não usa componentes de origem animal nem realiza testes em animais. Outras certificadoras incluem a Vegan Action (Certified Vegan), a organização Veganismo Brasil, e programas combinados de cruelty-free e vegano, como o da PETA.

  • Entenda os selos: “Cruelty-Free” vs “Vegano”: Um produto cruelty-free é aquele não testado em animais, mas não garante ausência de ingredientes de origem animal. Por isso, cosméticos veganos muitas vezes exibem ambos os selos – o de “não testado em animais” e o de “sem ingredientes animais”. Por exemplo, o programa Leaping Bunny certifica apenas a não realização de testes, enquanto o selo vegano (SVB, Vegan Society etc.) abrange também a composição. Algumas empresas utilizam logos da PETA indicando “Cruelty-Free and Vegan”, sinalizando as duas conformidades. Como regra, se você busca um produto 100% vegano, prefira aqueles com certificação vegana específica ou com declarações claras de que não contém ingredientes de origem animal. Essa identificação poupa o consumidor de ter que decifrar cada item do rótulo individualmente.

Em resumo, a comunidade vegana deve combinar a leitura atenta de rótulos com o apoio de certificações confiáveis. Conhecer a origem dos aminoácidos mais comuns ajuda a evitar ingredientes problemáticos: por exemplo, saber que cisteína pode vir de cabelo animal ou que tirosina pode advir do leite orienta na hora de escolher ou questionar um fabricante. Por outro lado, graças aos avanços da ciência, hoje é possível usufruir dos benefícios dos aminoácidos em cosméticos sem comprometer os princípios veganos – há opções vegetais ou sintéticas para praticamente todos eles. Buscando produtos adequadamente rotulados e certificados, o consumidor vegano pode cuidar da pele e dos cabelos com aminoácidos de forma ética, sem ingredientes de origem animal e com a mesma eficácia cosmética.

Referências: 

 

🌱 Origem e funções dos aminoácidos em cosméticos

  • Ajinomoto – Specialty & Personal Care: Amino Acid solutions (exemplificando uso de aminoácidos em cosméticos) (pt.wikipedia.org, ajihealthandnutrition.com)

  • Ajinomoto – Amino Acids for Healthier Skin and Hair (papel do NMF, hidratação e renovação da pele) (ajinomoto.com)

  • Ajinomoto – Amino Acid Based Ingredients for Cosmetics & Toiletries (detalhamento de aminoácidos do NMF, como serina e prolina) (ajiaminoscience.eu)

🥚 Certificação vegana e selos no Brasil

  • Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) – página oficial do Selo Vegano (criado em 2013, critérios, cobertura) (svb.org.br)

  • FoodConnection – notícia “3,8 mil produtos já receberam selo vegano da SVB” (foodconnection.com.br)

  • GuiaVegano.com.br – explicação sobre selos veganos atuantes no Brasil, incluindo SVB e V‑Label (guiavegano.com.br)

🧪 Produção e modos de obtenção de aminoácidos

  • Ajinomoto – Biopharmaceuticals: Pharmaceutical Grade Amino Acids (processo de fermentação líder na produção de aminoácidos) (ajihealthandnutrition.com)


 

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