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Pele artificial feita a partir de material descartado em cirurgias plásticas - 3a Página

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placa_de_cultura_de_modelo_biomimetico_A oportunidade surgiu com um convite para passar um ano no Departamento de Dermatologia da Universi­dade de Michigan, nos Estados Unidos, para trabalhar com medicamentos antitumorais para a pele, uma linha de pesquisa que já vinha desenvolvendo. "Fui trabalhar com a professora espanhola María Soengas, que hoje é uma das líderes acadêmicas nessa área", diz Silvya. Na época, María Soen­gas, que atualmente chefia o grupo de melanoma do Centro Nacional de Investigações Oncológicas (CNIO) da Espanha, fez uma parceria com a universidade norte-americana para desenvolver pesquisas com esse tipo de tumor. Recentemente, o grupo da pesquisadora espanhola identificou um composto sintético capaz de desenca­dear a autodestruição em massa de células de melanoma, o que abre as portas para fabricação de novos medicamentos.

Modelo brasileiro - Durante o período que passou em Michigan, Silvya aprendeu a isolar e a produzir uma cultura de queratinócitos e melacinócitos de pacientes humanos a partir da pele de prepúcio de recém-nascidos. "É um material com capacidade proliferativa muito grande", relata. E foi além no seu objetivo. Ela propôs à pesquisadora María Soengas reproduzir a pele artificial seguindo o modelo brasileiro, desenvolvido com base em um projeto feito em parceria com os pesquisadores Luisa Lina Villa e Enrique Boccardo, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo. "O nosso objetivo inicial era estudar novos fármacos em melanoma, mas percebemos que a indústria cosmética brasileira precisava da pele que desenvolvemos para testar novos princípios ativos", diz Silvya.

Na linha de pesquisa de novos fármacos, o grupo da professora Sílvia Berlanga já testou na pele artificial uma nova molécula isolada de uma planta da flora brasileira com potencial quimioterápico. "No lugar do melanócito é colocado o melanoma", explica Silvya. "Com a aplicação da nova molécula foi observada uma regressão do melanoma in vitro." Os dados, que estão sendo preparados para a publicação, constam da tese da doutoranda Carla Brohem.

Algumas empresas já procuraram o grupo de pesquisa da USP para estabelecer parcerias, mas até o momento nenhum acordo foi formalizado. "Estamos preparados para fazer testes com a pele artificial, mas não de forma sistemática nem em escala industrial." Para isso, o modelo precisa ser validado de acordo com os padrões internacionais. Até agora, o grupo de pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas recriou a pele artificial com células provenientes do banco da Universidade de Michigan. Para suprir a demanda futura, foi estabelecida uma parceria com o Hospital Universitário da USP. "Quando for aprovada pelo comitê de ética, já que se trata de patrimônio genético humano, vamos receber a pele descartada em cirurgias plásticas reparadoras", diz a pesquisadora.

 

O projeto

Geração de peles artificiais humanas e melanomas invasivos como plataforma para testes farmacológicos

Modalidade

Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa

Coordenadora

Silvya Stuchi Maria-Engler - USP

Investimento

R$ 145.597,39 (FAPESP)

Fonte: www.revistapesquisa.fapesp.br

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