O governo holandês considera que militantes violentos em defesa dos direitos dos animais não devem ser tratados como terroristas. No entanto, recentemente, propôs utilizar leis antiterroristas contra ameaças desses militantes, seguindo o exemplo das autoridades britânicas.

A polêmica ganhou contornos maiores nos últimos dias por causa da proposta de uma nova sede para um centro de pesquisas que faz experiências com animais vivos.

A ministra do Interior da Holanda, Guusje Ter Horst, disse, em sessão no Parlamento, que tentará encontrar outra sede para o Centro de Pesquisas Sciencelink, planejado para ser em Venray, no sul da Holanda.

O anúncio foi feito depois de uma campanha de intimidação dos ativistas pró-direitos dos animais, que conseguiram assustar os envolvidos com a instituição científica.

O centro de pesquisas criou 400 novos empregos no município, mas o prefeito e um vereador tiveram de pedir proteção policial por causa das ameaças sofridas. A empresa que se encarregaria da construção do novo edifício da instituição também rejeitou tocar a obra, alegando o perigo das ameaças dos militantes contrários ao projeto. Os ativistas em defesa dos animais classificaram a paralisação de "vitória fantástica".

Preocupação
Autoridades holandesas se dizem preocupadas com a união das forças de ativistas internacionais a extremistas locais "para formar uma poderosa coalizão em defesa dos animais". Por isso, cogitam a aplicação de leis antiterroristas contra os militantes. No entanto, alguns parlamentares questionam a proposta, dizendo que bastaria aplicar as leis existentes.

Partido pró-animais
Esther Ouwehand, parlamentar do Partido para os Animais, é contra o enquadramento dos militantes como terroristas, mesmo os que usam a violência. Para a parlamentar, o Código Penal é suficiente para punir quem viola a lei. Ouwehand considera que há uma contradição por parte do governo local, que mesmo sem considerar terroristas os ativistas pró-direitos dos animais, quer aplicar leis antiterroristas contra eles.

O parlamentar Sybrand Haersma Buma, do Partido Democrata-Cristão, discorda da colega, apesar de seu partido ser coligado ao de Esther Ouwehand. Ele quer que o governo utilize todos os recursos para condenar os extremistas pelos direitos dos animais. Para ele, o prejuízo causado por esses militantes "é maior do que o provocado por extremistas islâmicos".

John Tyler*

*Adaptação: Railda Herrero

Tags: ativistas pelos direitos dos animais, Guusje Ter Horst, Holanda, Sciencelink

Fonte: http://www.parceria.nl/Holanda/20080424-defensores-terrorismo