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Nutrição

nutricao vegana

Sobre a autora - Drª Marília Fernandes

quinoa1.jpgDrª Marília Fernandes
Nutricionista – CRN3/1693

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  • Pós-graduada em Administração Hoteleira pelo SENAC-SP
  • Especialista em Nutrição Esportiva pelo CEMAFE/UNIFESP
  • Especialista em Nutrição em Saúde Pública pela UNIFESP
  • Extensão em Bases Fisiológicas e Rendimento Esportivo pela Escola de Educação Física da USP
  • Graduação em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo.
  • 19 anos de experiência em Alimentação & Nutrição, com atuação e prestação de serviços em empresas como: Hospital Matarazzo, Hospital São Camilo, Universidade de São Paulo, SENAI-SP, SESI-SP, FIESP, FIRJAN, SENAC, Associação Paulista de Medicina, dentre outras.
  • Participante de equipe de estudos multidisciplinares sobre longevidade saudável com a coordenação do Geriatra Dr. Wilson Jacob da Universidade de São Paulo.
  • Nutricionista pioneira na implantação e coordenação de atividades de Nutrição &
  • Última atualização em .

Alimentos Naturais

alimentos naturais Conceituação e Percepções

Notas para uma conferência no
II Ciclo de Debates sobre Alimentos, Arte e Cultura.
Faculdade de Farmácia-UFRJ (out/92)

Do ponto de vista do fabricante, ou do ponto de vista do consumidor, a conceituação do termo NATURAL, em alimentos, tende a ser muito diferente. Vamos tentar construir um conceito do ponto de vista do profissional de saúde pública, aqui, após identificar o conceito industrial e do consumidor.

Para identificar o conceito do fabricante, opta-se por observar o que existe no mercado. Natural é o sorvete que, em vez de ser todo artificial, contem uma parcela de fruta ou de sua polpa industrializada. Isso não significa que esse sorvete não contenha diversos aditivos químicos, inclusive para "reforçar" o sabor, a cor ou o aroma da fruta ali colocada insuficientemente.

Natural, ali, é também o suco que, ao contrário dos pós artificiais para refresco (caso do Tang), são feitos com a fruta e não contém, então, nem corante, nem aromatizante, adicionados. É o caso do suco Maguary e similares, em garrafa. Mas estes contém conservantes químicos, para inibir o crescimento microbiano. Ao contrário, os da marca Superbom, são pasteurizados, para destruir a flora microbiana, dispensando inclusive o conservante. Um seria mais natural que o outro?

Natural, para o fabricante, é ainda o iogurte sem adição de polpa de fruta ou cereais. Quer dizer, qualquer produto sem outra adição, é natural. Assim, o leite não achocolatado é leite natural, o pão sem manteiga seria natural, e a água mineral é natural. Para alguns consumidores e copeiros, a água se divide em natural e torneiral. Ou ainda em gelada ou natural (sem gelo). O mate leão, em copinhos, embora conservado quimicamente, é vendido e anunciado como natural, para diferenciar do outro tipo, que tem sabor limão e, portanto, não tem o sabor natural de mate.

Mesmo o Tang, que é açúcar colorido e aromatizado, opta por colocar aromas extraídos da laranja e, então, anunciar, no rótulo, como "contém aroma natural de laranja", induzindo a erro os consumidores.

Natural também é o conjunto de derivados da soja, como queijo de soja, leite de soja, farinhas de soja... e alimentos alternativos, como feijão azuki e mesmo grão de bico e trigo moído. A carne vegetal, feita de soja ou de glúten, é também apregoada e aceita como natural. E mesmo aditivos químicos hoje são desenvolvidos pela biotecnologia, buscando caracterizá-los como naturais. Ou seja, legalmente, alguns aditivos passam a ser naturais, propiciando rótulos com o termo natural, mesmo nos países com legislação mais rígida e consumidores mais exigentes.

A questão não está limitada ao campo da saúde pública. Nos EEUU, por exemplo, a regulamentação do emprego desse termo, em rótulos, é preocupação principalmente do Ministério do Comércio, mais que da FDA ou do Ministério da Saúde. Por que? Ora, porque propicia práticas comerciais lesivas, prejudicando a concorrência empresarial, antes de prejudicar a saúde ou o bolso do consumidor.

O CONCEITO EM QUESTÃO

O que seria natural? Fica difícil estabelecer uma definição geral. Na verdade, uma alface é tão natural quanto um bife. E se aquela for cultivada com agrotóxicos, adubos químicos, água poluída na irrigação... enquanto o bife resultar de um boi alimentado com grãos produzidos organicamente (sem adubação química ou agrotóxicos), criado em ambiente e pastos saudáveis em vez de confinado, sem emprego de anabolizantes, abatido sem dor ou crueldade, tendo depois sua carne conservada sem aditivos e, até mesmo, sem congelamento (consumo imediato, após breve resfriamento), então é até possível considerar que esta carne devesse ser considerada mais natural que a alface...

Existe, contudo, uma percepção que associa produtos vegetais ao natural. E o próprio naturismo estaria associado ao vegetarianismo.

Para o consumidor, poucas coisas parecem menos naturais que os enlatados e os refrigerantes. Mas é possível - como vemos no mercado europeu - produzir refrigerantes sem conservantes (em vez disso, USA-SE a pasteurização), sem corantes e com suco natural da fruta, além de água e gás carbônico. Não seria esta a fórmula básica para um refrigerante natural?

Dentro de suas peças publicitárias, a CICA vem, ainda que ímida e discretamente, informar que suas conservas vegetais são produzidas apenas com "vegetal, água e sal" e, portanto, sem nenhum aditivo químico. Ou algo como... natureza, água e sal. No entanto, mesmo neste caso, o natural pode ser questionado em suas infinitas graduações: se, em vez de embalagem metálica - que permite migração de chumbo ou estanho para o alimento - se optasse por uma embalagem de vidro, não teria um produto final ainda mais natural?

BUSCANDO RESPOSTAS

A construção de uma definição, para fins legislativos, parece demandar a segmentação dos produtos alimentares. Ou seja, produzir uma definição para sucos naturais, outra para sorvetes naturais, outra para conservas vegetais naturais etc. Ou simplesmente proibir o uso da palavra natural nos rótulos e nas propagandas, o que talvez fosse mais lógico, justo e inteligente, além de, claro, mais prático.

Alimento produzido organicamente, esta é outra definição que terá que ser estabelecida, regulamentada e praticada a curto prazo. Exercer esse controle talvez traga dificuldades operacionais; mas poderia haver uma contrapartida empresarial, a exemplo do que a ABIC vem fazendo com o café. Ou seja, uma associação que fiscalizasse seus membros e a eles concedesse um selo de garantia.

Vale observar que, para a viabilização de linhas ou dietas como vegetarianas, macrobióticas etc. não é preciso a existência, no mercado, de alimentos ditos naturais, uma vez que nenhuma delas exige o consumo dessa categoria de alimento. Ademais, inexiste, salvo engano, uma linha dita naturista de consumo alimentar, fundada no consumo de alimentos industrializados. Portanto, não é por essa via que se poderia identificar e explicar a crescente adoção desse termo natural nos rótulos e anúncios publicitários no Brasil.

O termo natural, como vemos, é de natureza diversa de termos como, por exemplo, kosher, produzido segundo as normas judaicas, para esse tipo de consumidor. E também não é da mesma categoria do termo vegetal, pois se não existe uma bem definida dieta naturista, não há dúvida que pode existir uma dieta estritamente vegetariana, onde não se incluiriam alimentos de origem animal. Note-se, dentre outros exemplos possíveis, o caso dos preparos em pó para produção de gelatinas. Estes tantos podem ser produzidos a partir do colágeno bovino, como a partir de algas. Tanto pode ser uma gelatina de origem vegetal quanto animal. E isso, certamente, deveria estar bem claro na rotulagem.

PERCEPÇÕES E MERCADOS

Não se pode acreditar que exista uma efetiva tentativa de mentir para o consumidor. Este, certamente, não pode se dizer enganado, pois compreende como risível o anúncio, nas praias, de sanduíches naturais de peito de peru ou ricota, dentre outros ingredientes igualmente industrializados, ou mesmo enlatados, se não inclusive artificiais ou contendo aditivos químicos variados. São fatos que violam, com certeza, as fronteiras do que a percepção pública assume como natural.

Poderia ser questionado que o consumidor não está rigidamente ancorado no significado bromatológico do natural, e sim no significado semiológico, consumindo mais símbolos que, verdadeiramente, substâncias. E poderia ser levantado que, nesse sentido, as normas de identidade e qualidade, em particular aquelas que tratam de rotulagem e propaganda, deveriam cuidar não apenas do substantivo, mas também do simbólico. Nesses casos, o consumidor, embora não exatamente enganado, estaria, pelo menos, sendo induzido a erros.

Nesse amplo, complexo e variado contexto, torna-se muito dificultoso delimitar, tecnicamente, os limites do alcance de uma norma de rotulagem. Inclusive porque é dificultoso delimitar o significado do termo natural. Um aspecto, porém, parece óbvio. Não estamos aqui tratando, em geral, de novos produtos, estranhos ao mercado e ao consumidor. E´ apenas o agregar de uma nova denominação, uma maquiagem semântica, sobre alimentos que já estavam há anos no mercado, sendo de consumo tradicional. A introdução do termo natural pode, então, oferecer mais atração para uma determinada marca, em relação à outra que, talvez, tenha apenas retardado o passo de sua, digamos, naturalização. O Lanjal, por exemplo, deixou de ser conservado quimicamente e, agora, se apresenta como Natural, o que, teoricamente, poderia colocá-lo em vantagem contra outras marcas de sucos congelados. Ou, pelo menos, estimular o seu consumo junto a segmentos que, antes, o evitavam, devido aos conservantes adicionados. Assim, um refrigerante natural ampliaria o volume de vendas não apenas tomando consumidores de outra marca, como atraindo novos consumidores para esse tipo de produto. A Diet Coke parece ser um exemplo disso, na medida que vem captar consumidores que antes não ingeriam o produto açucarado.

Para pensar, com mais profundidade, o significado do termo natural em rótulos de alimentos, parece conveniente pensar que alimento natural é aquilo que a natureza criou para ser naturalmente comido. E, salvo engano, apenas duas substâncias estariam incluídas nessa categoria: o leite e o mel. Mas, o leite, exclusivamente para os filhotes da mesma espécie, claro. Da mesma forma, o mel seria para a colméia. E não para o homem industrializar e comer.

Da mesma forma, um grão de trigo, ou de milho, está na natureza para dar origem a outra planta, de trigo ou milho, e não para virar pão ou pipoca. Da mesma forma que um ovo existe não para virar omelete, e sim para gerar outra ave.

Olhando menos filosoficamente, com mais tolerância, natural seria aquela cereja vegetal, in natura ou mesmo em conserva, mesmo em lata, fazendo contraponto com a cereja artificial, aquela feita de jujuba, colorida quimicamente, para enfeitar coquetéis. Também natural seria aquele iogurte com morango que, em vez de corantes e aromatizantes artificiais, teve adição unicamente de polpa da fruta. Mas continuaria sendo natural se a sua cor, em vez de advir do vermelho do morango, adviesse do vermelho do corante natural extraído da beterraba ou da casca da uva ?

TENTANDO REGULAMENTAR

Pesquisa realizada na Inglaterra apontou que 79% dos anúncios de alimentos naturais eram inaceitáveis (num total de 670 produtos). E apenas 9% da rotulagem e 6% da propaganda poderiam ser considerados como legítimos. Além disso, considerava que terminologias como full of natural goodness, naturally better ou natural choice não tinham sentido e serviam, apenas, para induzir o consumidor a erro.

O Comitê Assessor de Alimentos, do Ministério da Agricultura do Reino Unido, entende que natural pode ser usado apenas para alimentos simples (não para formulações e misturas), tradicionais, aos quais nada tenha sido adicionado, e que tenham sido processados apenas até torná-los adequados para o consumo. Isto incluiria, por exemplo, congelamento, concentração, fermentação, pasteurização, esterilização, defumação (natural, sem aromas artificialmente adicionados) e processos tradicionais de cozimento: panificação, tostagem e branqueamento.

Já o descoramento, oxidação, defumação (artificial, mediante aditivos aromatizantes) e hidrogenação (caso da margarina, por exemplo), seriam processos não aceitáveis para o termo natural.

Não é diferente a complexidade para o uso do termo organicamente cultivado. Nos EEUU, por exemplo, o IFT-Instituto de Tecnologistas de Alimentos, e de uma perspectiva científica, entende que todo alimento, seja de fonte animal ou vegetal, é um alimento orgânico, pois deriva sempre de um organismo vivo, contendo carbono em sua estrutura química. Portanto, em vez de usar estritamente o termo orgânico, propõe que este esteja sempre ligado a outra palavra, como organicamente produzido ou organicamente cultivado.

CONCLUSÃO

Quando uma empresa anuncia ou rotula como natural , ela não está, supostamente, pretendendo vender apenas um produto, mas sim um estilo de vida. Dietéticos, naturais, orgânicos, alternativos, todos ficam na mesma prateleira do supermercado, e se destinam aos mesmos consumidores. Ali eles se encontram, ainda que como no caso típico dos restaurantes naturais, para comer frituras!

Materializamos o produto, em vez de controlar a conduta. Em vez de adotarmos uma relação natural com a comida e com o ato de comer, em vez de autoconstruirmos essa renaturalidade, optamos por tentar adquiri-la no mercado, transformadas em produtos. Em vez de adotarmos uma dieta natural, acentuamos, dia a dia, uma conduta dietética afastada da natureza, mas pretensamente composta de itens ditos naturais. Em vez de comer em horários convencionais, regularmente, com tranquilidade, em volumes apropriados, optamos por comer apressados, de pé, sem mastigar direito, em meio a fumantes, estressadamente.

Uma coisa é querer circunscrever o objeto em observação, esse termo alimento natural e, então, analisá-lo pelo prisma estritamente químico-bromatológico, fazendo uso de indicadores de nutrição e toxicologia. O problema é que tais indicadores são muito bons para estudos circunscritos ao espaço do laboratório analítico, também bromatológico. E quando o termo natural emerge para surgir no rótulo, não é mais unicamente de bromatologia que estamos falando, não é já unicamente pelo mundo da química que estamos sendo abraçados, mas sim pelo mundo dos símbolos e representações sociais. Nesse contexto, a regulamentação do uso desse, digamos, natural claim, deve transcender os fenômenos circunscritos aos tubos de ensaio, se preocupando com o espaço que a comida ocupa nas mentes e corações. Ou, em termos práticos, objetivos e operacionais, se o Estado pretende regulamentar alguma coisa nesse campo, fundado em compromissos com a proteção do consumidor e com a saúde pública, então, melhor seria coibir o uso desregrado e indiscriminado dessa terminologia - na maior parte das vezes visando induzir o consumidor a erro - e apoiar campanhas que evidenciem que uma dieta natural não é o somatório de alimentos ditos naturais dentro do cardápio. Mas, em vez disso, um relacionamento mais natural com a comida, a bebida, considerando horários, quantidades, variedades e, mais que tudo, uma ingestão serena e uma digestão tranquila. Uma alimentação natural pode, em suma, ser perfeitamente alcançada, ao menos no primeiro estágio, sem o consumo de alimentos ditos naturais.

Luiz Eduardo Carvalho
Prof. da Faculdade de Farmácia da UFRJ
Fonte:

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Alimento primordial

sunburger.jpgAutor: Dr. George Guimarães

O crudivorismo é um movimento que prega o consumo de alimentos estritamente crus, mas nem por isso deixa de contar com uma culinária gourmet

As pessoas que seguem esse movimento podem se alimentar de forma muito simples, consumindo frutas, castanhas, vegetais frescos, grãos germinados, etc. As cozinhas abrem mão do forno e do fogão, mas, em contrapartida, estão devidamente equipadas com desidratadores e processadores de alimentos. É uma culinária que exige muita criatividade.

Em restaurantes crudívoros, os chefs transformam alimentos crus em tortas, bolos, espaguetes e hambúrgueres. É dessa nova tendência que vamos falar, com um passeio pelo sofisticado mundo crudívoro de Nova Iorque, atualmente o principal centro de difusão dessa idéia e que já conta com 7 restaurantes que servem estritamente preparações sem o uso de calor.

Como tudo começou

O movimento crudívoro teve início em 1840, quando Sylvester Graham recomendava o consumo de alimentos crus como a dieta ideal. Em 1979, Aris La Tham -- precursor moderno do movimento -- inaugurou o restaurante Sunfire Foods, no bairro do Bronx, em Nova Iorque, e revolucionou o preparo de alimentos crus.

A primeira expansão, no entanto, aconteceu em San Diego, na Califórnia, com o surgimento de restaurantes especializados em preparações sem o uso de calor. Lá também começaram os encontros de grupos crudívoros e surgiram até grupos de apoio aos adeptos dessa alimentação. O movimento espalhou-se por Massachussets, Texas, Flórida e, especialmente, pela cidade de San Francisco. Curiosamente ou não, o movimento firmou-se em Nova Iorque nos anos 1999 e 2000. Na Europa também há interesse nessa filosofia alimentar, mas nada como o que acontece nos EUA.

Restaurantes em Nova Iorque

Nas preparações crudívoras a criatividade dos chefs é colocada à prova, porque não estamos falando de saladas bem decoradas, mas de bolos, tortas, massas, e tudo o mais que se possa inventar nessa modalidade culinária.

No restaurante David Jubb, os pratos mais pedidos são: David Jubb's Smoothie, de leite de amêndoas cruas, acrescido de amoras e adoçado com néctar de cacto. O Vegetable Raw Burguer é um sanduíche feito de massa de sementes cruas moídas com tomate seco, camadas de alface, cenoura ralada, patê de azeitonas e tomate fresco.

Sun Burger, do Quintessence No Quintessence, que tem 3 lojas em Manhattan, o sucesso é o Sun Burger. O pão é de grãos germinados triturados e cozidos ao sol e o hambúrguer é uma mistura de castanhas-do-pará e polpa de cenoura, catchup cru e maionese elaborada com leite de avelãs, óleo vegetal prensado a frio e sementes de mostarda. O segundo mais pedido é o espaguete de abobrinha crua (cortada em tiras finas, imitando a massa) com tomates crus e molho verde. De sobremesa uma mousse de alfarroba coberta com glacê de coco e amoras.
Mousse de Alfarroba (fruto semelhante ao cacau)

No Bonobo's, o destaque é para os sorvetes de frutas com castanhas.

O Green Paradise oferece a seus clientes deliciosos quiches crus. A crosta é feita de sementes moídas e o recheio cremoso é preparado com vegetais desidratados.

Em Nova Iorque há lojas especializadas para o consumidor crudívoro em que o adepto encontra as matérias-primas necessárias para o preparo das delícias cruas. E também equipamentos, como os desidratadores para secar frutas.

O movimento nos Estados Unidos

Nova Iorque é o centro do movimento, mas muitas coisas interessantes acontecem por todo o país. Em Washington, há uma padaria que vende pães, doces, bolos e balas, preparados sem utilização de calor que exceda a 45 oC. O livro Raw, do chef crudívoro Juliano, que tem um restaurante de sucesso em San Francisco, inspira receitas em restaurantes crudívoros do país. Pelos EUA, existem ainda spas e clínicas de tratamento que têm na dieta crudívora o principal motivo para o sucesso terapêutico de seus pacientes.

E no Brasil?

No Brasil, o movimento ainda tem poucos integrantes, mas já existem grupos que seguem a alimentação crudívora, como é o caso dos higienistas e essênios. Quem já experimentou as delícias da cozinha crudívora sabe a diferença de sabor e a vitalidade que os pratos proporcionam.
Comercialmente, em todo o mundo, é uma culinária que faz sucesso tanto entre adeptos quanto entre curiosos, e estou certo de que não seria diferente no Brasil.



Em novembro, será lançada no Brasil a versão em português do livro The Sunfood Cuisine (A Cozinha dos Alimentos Solares), do chef canadense Frédéric Patenaude, que reside em Québec e estará aqui para o 36o Congresso Vegetariano Mundial, em Florianópolis www.svb.org.br. Ele é autor de 3 livros de receitas crudívoras e editor de uma revista de crudivorismo. Na foto, Frédéric, Higa (responsável pela nova edição), eu e Thiago.

 

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Sobre o autor - Dr George Guimarães

george.gif Dr George Guimarães é nutricionista (CRN-3 7708), especialista em nutrição clínica e se especializa em nutrição vegetariana. Ele atua em pesquisas científicas e no aconselhamento de pacientes vegetarianos, além de dirigir todas as atividades de consultoria realizadas pela nutriVeg.

Ele também ministra cursos e palestras sobre vegetarianismo e nutrição vegetariana em universidades e para o público em geral.

Faça o download do curriculo do Dr. George


Dr. George Guimarães
Nutricionista
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Veganismo

george.gifVeganismo é vida saudável

O veganismo é, acima de tudo, uma escolha por uma vida saudável, não apenas do ponto de vista de saúde, mas também social e moralmente. É saudável para quem pratica, é saudável para o meio ambiente que é poupado do peso da produção de alimentos de origem animal e, obviamente, é saudável para os animais que são criados e mortos para alimentar pessoas.


Dieta Saudável

Os benefícios de uma dieta vegano continuam a ser revelados a cada dia em estudos científicos e em experiências individuais.

Uma dieta isenta de produtos de origem animal é isenta de colesterol, baixa em gordura (especialmente gordura saturada) e rica em fibras, vitaminas e minerais. Isto significa uma enorme diminuição no risco de doenças como arteriosclerose, infarto, derrame, diabetes, câncer, constipação, entre outras. Além disto, por eliminar alimentos altamente contaminados por antibióticos, hormônios, pesticidas, além de alimentos alergênicos como o leite, este estilo alimentar também evita o surgimento de diversos tipos de alergias e intolerâncias. A dieta vegano também é geralmente baixa em calorias, o que significa um melhor controle de peso e a distância dos desconfortos causados pela obesidade.

Veganismo e Violência

Há muitos motivos para se adotar um estilo de vida vegano e também são muitas as formas em que o veganismo é expresso, mas o veganismo pode ser sempre definido da seguinte maneira: um estilo de vida que evita toda forma de exploração e violência, sejam estas contra animais, humanos ou o planeta no qual vivemos.

Poucos são aqueles que se iniciam no veganismo por uma questão meramente de saúde, apesar deste ser um aspecto importante deste estilo de vida e um dos melhores argumentos em seu favor.

O aspecto ambiental atrai a atenção de muitos que entram em contato com o veganismo pela primeira vez, recebendo a aprovação mesmo daqueles que se recusam a adotá-lo. O fato de mais alimentos vegetais poderem ser produzidos no mesmo espaço e com a utilização de menos recursos quando comparados com a produção de alimentos de origem animal é, dos argumentos em favor do veganismo, certamente o mais lógico e irrefutável.

No entanto, o maior número de pessoas que abraçam o veganismo é composto por aquelas que se sentem tocadas ao saberem que sua alimentação até então era dependente do sofrimento de animais inocentes, mortos para satisfazer uma necessidade que elas agora sabem não ser essencial. O despertar pode vir no contato com o bezerro no sítio do amigo, ao saber que em muitos países asiáticos os cachorros são considerados uma iguaria e então perceber que seu animal de estimação poderia ser o jantar de alguém, ou na descoberta tardia de que seu pintinho de estimação na infância -aquele que crescera demais para continuar morando em casa e sua mãe disse ter mandado para a chácara do tio- houvera, em realidade, tido seu fim naquele almoço de domingo (do qual você também participou). Uma visita ao matadouro também costuma dar um empurrãozinho para cair a ficha.

Enfim, a descoberta da realidade sempre traz consciência e a consciência sempre traz moralidade. Imagine a confusão de valores pela qual passa uma criança que tem que aprender que o boi, o porco, a galinha, tão dóceis e amáveis, são os heróis de seus filmes favoritos e, ao mesmo tempo, são também o seu jantar. "Como assim? Amigo e jantar ao mesmo tempo?" A criança pode não buscar descobrir, em um primeiro momento, como o seu herói ou amigo foi parar no prato de jantar. Talvez ela busque em sua fantasia uma forma "amigável" de se tornar jantar. Talvez eles sejam tão amigos e amáveis que eles voluntariamente sacrificam-se para alimentar seu amigo humano. Um verdadeiro ato de heroísmo! Mas eles logo buscam a verdade, quanto mais perto da realidade, mais perto da consciência.

A criança pode lidar com uma explicação fantasiosa de como uma parte de um boi foi parar em seu prato, mas a realidade nua e crua de um matadouro não deixa espaço para fantasias. É consciência instantânea: comer um animal após ter visto um matadouro está imediatamente fora de questão. É natural perceber que algo est'aerrado. Faça um experimento simples: coloque uma maçã e um coelho no quarto da criança e deixe-a a sós com eles. Entre após alguns minutos e veja quem vai ser comido e quem vai ganhar um nome e um penteado novo.

Situações como estas que confundem um personagem de história infantil com um alimento congelado, heroísmo com sofrimento, docilidade com violência, acabam por distorcer valores em formação pela criança.

Diversos estudos já demonstraram a relação entre violência animal e violência humana. Aqui está um bom exemplo: serial killers têm, em 90% dos casos, história de maus tratos com animais na infância. O desprezo pela vida de um animal acarreta na perda pela santidade da vida humana. Crianças aprendem valores de compaixão e respeito através da relação que elas têm com os animais. Compaixão pelos animais, compaixão pela humanidade. Se animais podem ser mortos para satisfazer uma necessidade, então qualquer forma de vida pode também.

É claro que isto não se manifesta largamente na sociedade, pois existem regras sociais e de comportamento às quais aprendemos a obedecer. Obviamente, não são todos que cresceram comendo carne que se sentem à vontade para matar pessoas ou que se envolvem em atos de violência, grupos sectários, atividades que exploram trabalho escravo ou infantil e tantas outras formas de violência presentes ao nosso redor. No entanto, a mensagem para a criança que está formando estas regras pelo contato com o ambiente é uma de menosprezo à vida, de descaso ao sagrado. O impacto que isto tem na relação entre famílias, ideologias, sociedades, países, religiões, é imensurável.

Imagine um mundo livre de violência contra animais e você verá um mundo livre de violência contra humanos!

Dr. George Guimarães
Nutricionista
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